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segunda-feira, 6 de maio de 2019

Os afetos como evidência da verdadeira religião


“Mesmo não o tendo visto, vocês o amam; e apesar de não o verem agora, crêem nele e exultam com alegria indizível e gloriosa” (I Pedro 1:8).

Com essas palavras o apóstolo descreveu o estado mental dos cristãos a quem escrevia, que sofriam perseguição. Nos dois versículos anteriores ele trata da perseguição, falando de “provações” e “entristecidos por todo tipo de provação”.

Tais provações acarretam três benefícios para a verdadeira religião. Em primeiro lugar, mostram o que é a verdadeira religião, pois as difi culdades tendem a fazer distinção entre o falso e o verdadeiro. As provações testam a autenticidade da fé, assim como o ouro é testado pelo fogo.

A fé dos verdadeiros cristãos, que é testada e se mostra verdadeira, “resultará em louvor, glória e honra”, como o versículo 7 afi rma. As provações, então, são um benefício a mais para a verdadeira religião não apenas porque manifestam a verdade, mas também porque destacam sua beleza e atração. A virtude fi ca mais atraente quando é oprimida. A excelência divina do cristianismo genuíno se apresenta melhor sob as maiores provações. Então, ela resulta “em louvor, glória e honra”.

O terceiro benefício para a verdadeira religião é que as provações a purifi cam e intensifi cam. Não se limitam a mostrar que ela é verdadeira, também a libertam de infl uências falsas.
Fica apenas o que é real. As provações aumentam a atração da verdadeira religião. São esses, então, os benefícios das perseguições religiosas em que o apóstolo pensava, quando escreveu o versículo acima.
No próprio texto, o apóstolo observa como a verdadeira religião operava nos cristãos a quem escrevia e como eles viam esses benefícios de perseguição. Ele sentia que o sofrimento deles revelava dois exercícios da verdadeira religião.

1. Amor a Cristo

 “Mesmo não o tendo visto, vocês o amam”. O mundo queria saber que princípio estranho infl uenciava aqueles cristãos e os levava a se exporem a tanto sofrimento e a renunciarem a tudo de que gostavam e era agradável aos sentidos.

O mundo que os cercava os considerava loucos, já que agiam como se odiassem a si mesmos. O mundo não conseguia ver nada que os levasse a sofrer tanto ou a sustentá-los durante as provações. Eles sentiam amor sobrenatural por alguma coisa invisível. Amavam Jesus Cristo, a quem viam espiritualmente, mas o mundo não O via.

2. Alegria em Cristo

Os sofrimentos visíveis eram intensos, mas os cristãos possuíam alegria espiritual interior maior do que o sofrimento. Isso os sustentava e os capacitava a sofrer com alegria. O apóstolo comenta dois aspectos sobre a alegria. Primeiro, fala sobre o modo como ela aparece.

Cristo, pela fé, é o fundamento de toda alegria. Isso é a evidência de algo invisível: “apesar de não o verem agora, crêem nele e exultam”. Segundo, fala sobre a natureza da alegria: ela é “indizível e gloriosa”. Indizível porque é muito diferente da alegria mundana e dos prazeres carnais.

Sua natureza é mais pura e sublime, é celestial porque é sobrenatural, divina, excelente, acima de qualquer descrição. Não há palavras para descrever a sublimidade e a rica doçura da alegria em Cristo. É indizível também porque Deus distribui aos cristãos essa Sua alegria santa com liberalidade e, em grande medida, quando se encontram sob a ameaça da perseguição. A alegria deles era repleta de glória. Pode-se dizer isso.

Não há palavras mais adequadas para representar a excelência da alegria. Enquanto eles se regozijavam, um brilho glorioso tomava conta das mentes, e a natureza deles era exaltada e aperfeiçoada. Era um regozijo digno e nobre, porque não corrompia nem pervertia a mente, como as coisas carnais costumam fazer. Em vez disso, a mente recebia beleza e dignidade.

A antecipação da alegria do Céu elevava a mente deles a um êxtase celestial e os enchia da luz da glória de Deus, fazendo-os brilhar com a manifestação dessa glória. Com esse pensamento em mente, proponho o seguinte princípio: “A verdadeira religião consiste, em grande parte, de afetos santos”.

O apóstolo, observando e comentando os efeitos das provações sobre a verdadeira religião, indicou o amor e a alegria como os dois afetos religiosos a serem exercitados. Esses afetos demonstram que a religião deles é verdadeira e pura em sua glória característica. Em primeiro lugar quero explicar o que significa afetos e depois mostrar como grande parte da verdadeira religião reside neles.

 Jonathan Edwards