Jonathan Edwards
“Quem tenho eu no céu
senão a ti? E na terra não há quem eu deseje além de ti.” (Salmos 73. 25)
Neste salmo, o salmista Asafe relata a grande dificuldade
que havia em sua mente ao observar os ímpios. Ele diz nos vv. 2 e 3: “Quanto a
mim, porém, quase me resvalaram os pés; pouco faltou para que se desviassem os
meus passos. Pois eu invejava os arrogantes, ao ver a prosperidade dos
perversos”. No v. 4, nos informa o que, nos ímpios, era o motivo de sua tentação.
Em primeiro lugar, observa que eram prósperos e tudo lhes ia bem. Observa
também o comportamento deles na prosperidade e o uso que faziam dela; e que
Deus, apesar dos abusos, aumentava-lhes a prosperidade. Então, nos mostra de
que maneira foi auxiliado nessa dificuldade, isto é, indo ao santuário, (vv.
16, 17), e procede para nos informar quais foram as considerações que o
auxiliaram lá: 1. A
consideração do fim miserável dos ímpios. Ainda que prosperem no presente,
chegarão, contudo, a um lamentável fim (vv. 18-20). 2. A consideração do fim
bendito dos santos. Embora esses enquanto vivem possam ser afligidos, contudo
terão um fim feliz, (vv. 21-24). 3.
A consideração de que o justo possui uma porção muito
superior à do ímpio, embora não possua outra porção senão Deus, como mostra o
texto e os versículos seguintes. Ainda que os ímpios vivam na prosperidade e
não tenham problemas como os demais homens, contudo os piedosos, mesmo
afligidos, estão em estado infinitamente melhor, porque têm Deus por sua porção.
Não precisam desejar nada mais, pois quem tem Deus, tem tudo. Assim o salmista
professa o senso e apreensão que teve das coisas: “Quem mais tenho eu no céu? E
na terra não há quem eu deseje além de Ti” (Sl 73:25) No versículo
imediatamente anterior (Sl 73:24), o salmista observa como os santos são
felizes em Deus, tanto quando estão neste mundo, como quando são levados ao
outro. São benditos em Deus aqui, pois Ele os guia com os seus conselhos; e
quando os toma, ainda são felizes, pois Ele os recebe na glória. Provavelmente
isso o levou, no texto, a declarar que não desejava outra porção quer neste
mundo ou no porvir, quer no céu, quer na terra.
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OEstandarteDeCristo.com Issuu.com/oEstandarteDeCristo 7 Daí aprendemos que:
Doutrina: É o espírito de um homem verdadeiramente piedoso preferir Deus antes
de todas as coisas, quer no céu, quer na terra. I. Um homem piedoso prefere
Deus antes de todas as coisas no céu. 1. Ele prefere Deus antes de qualquer
coisa que haja, de fato, no céu. Todo homem piedoso tem o céu no coração. Suas
afeições estão depositadas no que deve haver lá. O céu é sua pátria e herança
escolhidas. Ele tem respeito pelo céu assim como um viajante, que está em terra
distante, tem pelo seu país. O viajante pode contentar-se em estar em terra
estranha por pouco tempo, mas sua própria terra nativa é preferida por ele
acima de tudo (Hb 11:13): “Todos estes morreram na fé sem ter obtido as
promessas; mas foram persuadidos delas e confessaram que eram estrangeiros e
peregrinos sobre a terra. Porque os que falam desse modo manifestam estar
procurando uma pátria”. O respeito que o justo tem pelo céu pode ser comparado
ao de uma criança, que está no estrangeiro, tem pela casa de seu pai. Ela pode
estar satisfeita por pouco tempo, mas o lugar para onde deseja retornar e onde
quer morar é sua própria casa. O céu é a morada do Pai dos verdadeiros santos.
Jo 14:2: “Na casa de meu Pai há muitas moradas”. Jo 20:17: “Subo para meu Pai e
vosso Pai”. Agora, a razão pela qual os piedosos têm desse modo o coração no
céu é porque Deus está lá - é o palácio do Altíssimo. É o lugar onde Deus está
gloriosamente presente, onde seu amor é gloriosamente manifesto, onde o piedoso
pode estar com Ele, vê-lo como Ele é, e amá-lo, servi-lo, louvá-lo e gozá-lo
perfeitamente. Se Deus e Cristo não estivessem no céu, não seriam tão ávidos em
buscá-lo, nem suportariam tantas dores em uma laboriosa jornada através deste
deserto, nem a consideração de que irão ao céu após a morte serviria de
conforto nos labores e aflições. Os mártires não suportariam sofrimentos cruéis
de seus perseguidores com uma alegre perspectiva de irem ao céu, se lá não
esperassem estar com Cristo, e regozijar-se com Deus. Não iriam alegremente
esquecer suas posses terrenas, e todos os amigos mundanos, como milhares deles
fizeram, vagando na pobreza e na rejeição, sendo indigentes, afligidos,
atormentados, trocando sua herança terrena por uma celestial, não fosse sua
esperança de estar com seu glorioso Redentor e com o Pai celeste. O coração do
crente está no céu, porque o seu tesouro está lá. 2. O homem piedoso prefere
Deus antes de qualquer coisa que possa haver no céu. Não apenas não há nada no
céu que rivalize na sua estima com Deus; mas nada há que ele
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que possivelmente esteja lá, que seja mais estimado ou desejado por ele do que
Deus. Alguns supõem que há no céu delícias bem diferentes daquelas que as
Escrituras nos ensinam. Os muçulmanos, por exemplo, supõem que no céu devem ser
desfrutados todos os tipos de delícias e prazeres sensuais. Muitas coisas que
Maomé inventou são das mais convenientes para as luxúrias e apetites carnais
dos homens que se possa imaginar, e, com elas, lisonjeou seus seguidores. Mas
os verdadeiros santos não conseguem imaginar algo mais adequado a suas
inclinações e desejos do que o que está revelado na Palavra de Deus: um céu de
gozo do Deus glorioso e do Senhor Jesus Cristo. Lá, estarão livres de todos os
seus pecados, e serão perfeitamente conformados a Deus, e passarão uma
eternidade em exercícios exaltados de amor por Ele, e no usufruto do Seu amor.
Se Deus não pudesse ser usufruído no céu, mas apenas vasta riqueza, imensos
tesouros de prata e ouro, grande honra do tipo que os homens obtêm neste mundo,
e uma plenitude dos maiores prazeres e delícias sensuais - nenhuma dessas
coisas suplantaria a necessidade por Deus e por Cristo, nem a fruição deles no
céu. Se este estivesse vazio de Deus, seria de fato um lugar solitário e
melancólico. O piedoso está sensível que todas as diversões humanas não podem
satisfazer a alma; e, portanto, nada o contentará senão Deus. Ofereça a ele o
que for, se o privar de Deus, considerarse-á miserável. Deus é o centro dos
seus desejos e quando você afasta sua alma do seu centro, ela não terá
descanso. II. É a disposição natural de um homem piedoso preferir Deus a todas
as coisas sobre a terra. 1. O santo prefere esse gozo de Deus, pelo qual espera
no porvir, a qualquer coisa neste mundo. Não olha tanto para as coisas que são
visíveis e temporais, mas para as invisíveis e eternas (1 Co 4:18). O santo não
desfruta senão um pouco de Deus neste mundo; não tem senão pouca intimidade com
Deus, e goza um pouco das manifestações de sua glória e amor divinos. Mas Deus
prometeu lhe dar, no porvir, plena fruição. E estas promessas são mais
preciosas para o santo que as mais preciosas joias terrenas. O evangelho contém
maiores tesouros, em sua estima, que os cofres de príncipes ou as minas dos
índios. 2. Os santos preferem o que pode ser obtido de Deus nesta vida a todas
as coisas no mundo. Há grande diferença nas realizações espirituais presentes dos
santos. Alguns atingem maior intimidade e comunhão com Deus e conformidade com
Ele que outros. Mas as maiores realizações são ínfimas em comparação às
futuras. Os santos são capazes de progredir nas realizações espirituais e
sinceramente desejam estas realiza- ções adicionais. Não contentes com os graus
já alcançados, estão famintos e sedentos de justiça e, como crianças
recém-nascidas, desejam o sincero leite da Palavra, para que,
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crescer. É seu desejo conhecer mais de Deus, ter mais de sua imagem, e serem
capacitados ainda mais à imitação de Deus e de Cristo em sua caminhada e
conversação. Sl 27:4: “Uma coisa peço ao SENHOR, e a buscarei: que eu possa
morar na Casa do SENHOR todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza
do SENHOR e meditar no seu templo”. Sl 42:1, 2: “Como suspira a corça pelas
correntes das águas, assim por ti, ó Deus, suspira a minha alma. A minha alma
tem sede de Deus, do Deus vivo; quando irei e me verei perante a face de Deus?”
Sl 63:1, 2: “Ó Deus, tu és o meu Deus, eu te busco intensamente; a minha alma
tem sede de ti! Todo o meu ser anseia por ti, numa terra seca, exausta e sem água”.
Veja também o Sl 84:1-3 e Sl 130.6: “A minha alma anseia pelo Senhor mais do
que os guardas pelo romper da manhã. Eu digo, mais do que os guardas pelo
romper da manhã”. Ainda que nem todo santo tenha este ávido desejo por Deus no
mesmo grau que tinha o salmista, contudo são do mesmo espírito; desejam
sinceramente ter mais de Sua presença em seus corações. Que este é o
temperamento do piedoso em geral e não apenas de alguns santos em particular,
mostra-se em Is 26:8, 9, onde se fala não de algum santo em particular, mas da
igreja em geral o seguinte: “Também através dos teus juízos, SENHOR, te
esperamos; no teu nome e na tua memória está o desejo da nossa alma. Com minha
alma suspiro de noite por ti e, com o meu espírito dentro de mim, eu te procuro
diligentemente; porque quando os teus juízos reinam na terra, os moradores do
mundo aprendem justiça”. Veja também Ct 3:1, 2. v. 6, 8. Os santos nem sempre
estão nestes vívidos exercícios da graça: mas possuem tal espírito e têm o
sensível exercício dele. Desejam Deus e as realizações divinas mais do que
todas as coisas terrenas; e buscam ser ricos em graça mais do que fazem para
obter todas as riquezas. Desejam a honra que procede de Deus, mais do que a dos
homens (Jo 5:44) e comunhão com Ele mais do que qualquer prazer terreno. São do
mesmo espírito que o apóstolo expressa em Fl 3:8: “Sim, deveras considero tudo
como perda por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu
Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para
ganhar a Cristo”. 3. O santo prefere o que já tem de Deus a qualquer coisa
neste mundo. O que foi infundido no seu coração na conversão lhe é mais
precioso que qualquer coisa que o mundo possa ofertar. As visões que, às vezes,
lhe são concedidas da beleza e excelência de Deus, lhe são mais preciosas que
todos os tesouros dos ímpios. Ele valoriza mais a relação de criança na qual
está para com Deus, a união que há entre sua alma e Jesus Cristo, do que a
maior dignidade terrena. Essa imagem de Deus que está estampada em sua alma,
ele valoriza mais do que quaisquer ornamentos terrenos. Em sua estima, é melhor
ser adornado com as graças do Espírito Santo de Deus do que brilhar em joias de
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caras pérolas, ou ser admirado pela maior beleza exterior. Valoriza mais o
manto da justiça de Cristo, que tem em sua própria alma, do que os mantos de
príncipes. Prefere os prazeres e delícias espirituais que, às vezes, tem em
Deus, muito mais que todos os prazeres do pecado. Sl 84:10: “Pois um dia nos
teus átrios vale mais que mil; prefiro estar à porta da casa do meu Deus, a
permanecer nas tendas da perversidade”. Desse modo, o santo prefere Deus a
todas as coisas neste mundo, pois: 1. Prefere Deus a todas as coisas que possui
no mundo. Prefere Deus a todos os gozos temporais. Sl 16:5, 6: “O SENHOR é a
porção da minha herança e o meu cálice; tu és o arrimo da minha sorte. Caem-me
as divisas em lugares amenos, é mui linda a minha herança”. Se for rico, o seu
coração está principalmente nas riquezas celestiais. Prefere Deus a todos os
amigos terrenos, e o favor divino a qualquer respeito obtido de criaturas
semelhantes. Embora, inadvertidamente, tenham lugar no seu coração, e lugar até
demais; contudo reserva o trono para Deus. Lc 14:26: “Se alguém vem a mim e não
aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua
própria vida, não pode ser meu discípulo”. 2. Ele prefere Deus a qualquer
prazer terreno do qual tenha perspectiva. Os filhos dos homens põem, comumente,
sua confiança mais em alguma felicidade terrena que esperam e pela qual buscam,
do que naquilo que têm em posse no presente. Mas um homem piedoso prefere Deus
a todas as coisas que espera neste mundo. Ele pode, com efeito, pela
prevalência da corrupção, deixar-se por um tempo se levar por algum
divertimento; contudo, cairá novamente em si, não sendo este seu temperamento,
uma vez que é outro o seu espírito. 3. É o espírito de um homem piedoso
preferir Deus a qualquer gozo terreno que possa conceber. Prefere-o não apenas
a qualquer coisa que possui, mas nada vê em posse de outras pessoas que seja
tão estimável. Tivesse ele a maior prosperidade do mundo, ou pudesse satisfazer
todos os seus desejos terrenos, ainda assim, valorizaria a porção que já tem em
Deus incomparavelmente mais. Ele prefere Cristo aos reinos terrenos. Aplicação
1. Portanto, podemos aprender que quaisquer que sejam as mudanças pelas quais
passe o justo, ele é feliz. Isso porque Deus, que é imutável, é sua porção
preferida. Embora enfrente perdas temporais, seja privado de muitas, sim, até
mesmo de todas as alegrias facebook.com/JonathanEdwards.org
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Issuu.com/oEstandarteDeCristo 11 transitórias, contudo Deus, a quem prefere
acima de tudo, ainda permanece e não pode ser perdido. Enquanto está neste
mundo mutável, cheio de problemas, é feliz, pois sua porção escolhida, sobre a
qual constrói o fundamento de sua felicidade, está acima do mundo e acima de
todas as mutações. E quando vai ao outro ainda é feliz, pois sua porção
permanece. Pode ser privado de tudo, exceto de sua principal porção; sua
herança permanece segura. Pudessem os homens de mente carnal encontrar um modo
de assegurar para si as alegrias terrenas, em que seus corações estão
principalmente firmados, de forma que não pudessem ser perdidas nem diminuídas
enquanto vivessem, como considerariam grande privilégio, ainda que outras
coisas que estimam em menor grau estivessem sujeitas à mesma incerteza de
agora! Por outro lado, esses prazeres terrenos nos quais os homens depositam
principalmente seus corações, são, com frequência, transitórios. Mas como é grande
a felicidade daqueles que escolheram a Fonte de todo bem, que O preferem a
todas as coisas no céu ou na terra e que jamais podem ser privados dEle por
toda a eternidade! 2. Que todos à vista dessas coisas examinem e testem a si
mesmos, se são santos ou não. Uma vez que o que foi exposto é o espírito dos
santos, e lhes é peculiar, ninguém pode usar a linguagem do texto e dizer:
“Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me compraza na terra”,
senão os santos. A escolha de um homem é o que determina seu estado. O que
escolhe Deus por sua porção e O prefere a todas as coisas é um homem piedoso,
pois esse O escolhe e adora como Deus. Honrá-lo como Deus é respeitá-lo acima
de todas as coisas; e se alguém O honra como o seu Deus, seu Deus Ele é; há uma
união e relação de pacto entre esse homem e o verdadeiro Deus. Todo homem é à
semelhança de seu Deus. Se quiser saber quem é o homem, se é piedoso ou não,
questione-o sobre quem é o seu Deus. Se o verdadeiro Deus for aquele a quem tem
supremo respeito, a quem considera acima de tudo, sem dúvidas, ele é um servo
do Deus verdadeiro. Mas se o homem tem algo a mais pelo qual tem maior respeito
do que a Jeová, então este homem não é piedoso. Questionem-se, portanto, quanto
a sua situação – vocês preferem Deus acima de todas as coisas? Às vezes, pode
ser difícil a determinação satisfatória disso, pois o ímpio pode ser ludibriado
por falsas afeições e o piedoso, baseado em débeis padrões, pode perder [a
noção] destas coisas. Portanto, vocês devem fazer uma autoanálise quanto a esta
matéria, de diversos modos; se não puderem falar plenamente sobre uma coisa,
talvez possam em relação a outras: 1. Qual é o desejo principal que os faz
querer ir ao céu quando morrerem? É verdade que
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OEstandarteDeCristo.com Issuu.com/oEstandarteDeCristo 12 alguns não têm grande
desejo de ir para o céu. Não se importam em ir para o inferno, mas se pudessem
se safar dele, não teriam muita preocupação com o céu. Se este não for o seu
caso, mas vocês acham que têm desejo de ir para o céu, então se questionem
quanto ao porquê disso. É precipuamente por querer estar com Deus, ter comunhão
com Ele, e ser conformado a Ele para que possam vê-lo, e desfrutá-lo lá? É esta
a consideração que guarda seus corações, e desejos e expectativas em relação ao
céu? 2. Se vocês pudessem evitar a morte, e tivessem livre escolha, escolheriam
viver sempre neste mundo sem Deus, ao invés de, no tempo dele, partir do mundo
a fim de estar com Ele? Se pudessem viver aqui em prosperidade terrena por toda
a eternidade, mas destituído da Sua presença e comunhão – não tendo relação
espiritual entre Deus e suas almas, sendo vocês e Deus alienados uns dos outros
para sempre – escolheriam isso ao invés de partir do mundo, a fim de habitar no
céu como filhos de Deus, aproveitando lá os privilégios gloriosos de filhos, em
um amor santo e perfeito a Ele, e no Seu gozo por toda a eternidade? 3. Vocês
preferem Cristo a todos os outros como o caminho para o céu? Aquele que escolhe
verdadeiramente Deus, O prefere em cada pessoa da Trindade: Pai, Filho e
Espírito Santo: o Pai, como seu Pai; o Filho como seu Salvador; o Espírito
Santo como seu Santificador. Questionem-se, portanto, não apenas se escolheram
o gozo de Deus no céu como sua mais alta porção e felicidade, mas também se
escolheram a Jesus Cristo antes de todas as coisas, como o caminho para o céu;
e isso com um senso da excelência de Cristo, e do caminho da salvação por Ele,
como sendo algo [que serve] para a glória de Cristo e da soberana graça. É o
caminho da livre graça, pelo sangue e justiça do bendito e glorioso Redentor, o
caminho mais excelente para a vida em sua estima? Isso acrescenta valor para a
herança celestial que é desta forma conferida? Isso é muito melhor para vocês
que ser salvo por suas próprias justiças, por quaisquer de suas realizações, ou
por qualquer outro mediador? 4. Se pudessem ir para o céu da maneira que lhes
agradasse, vocês prefeririam a todos os outros o caminho do estrito andar com
Deus? Os que preferem Deus da maneira como foi representado escolhem-no não
apenas no fim, mas no meio. Preferem estar com Deus a qualquer outro, não
apenas quando chegam ao fim de sua jornada, mas também enquanto estão na sua
peregrinação. Preferem andar com Deus, embora seja caminho de labor, e cuidado,
e auto renúncia ao invés do caminho do pecado, embora este seja caminho de
ociosidade e gratificação das luxúrias. 5. Se vocês pudessem passar a
eternidade neste mundo, escolheriam antes viver em circunstâncias humildes e
rebaixadas, tendo a graciosa presença de Deus, a viver para
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OEstandarteDeCristo.com Issuu.com/oEstandarteDeCristo 13 sempre na prosperidade
sem Ele? Prefeririam gastá-la no santo viver, servindo e andando com Deus e no
gozo dos privilégios de seus filhos? Deus, com frequência, se manifestando a
vocês como Pai, revelando-lhes a Sua glória, manifestando Seu amor e levantando
a luz do seu rosto sobre vocês! Escolheriam antes essas coisas, embora em
pobreza, a abundar nas coisas mundanas, vivendo na opulência e prosperidade, e,
ao mesmo tempo, sendo um estranho à aliança de Israel? Poderiam se satisfazer
em não estar em relação filial com Deus, não gozar de gracioso relacionamento
com Ele, não tendo direito algum de serem reconhecidos como filhos? Ou tal
vida, mesmo que com enorme prosperidade terrena, seria por vocês estimada como
miserável? Se, apesar de tudo, vocês permanecerem em dúvida, e com dificuldade
em determinar se preferem verdadeira e sinceramente Deus a todas as outras
coisas, mencionarei duas coisas que são os modos mais certos de determinar-se
nesta matéria, e que parecem ser as melhores bases de satisfação nela. 1. O
sentimento de algum particular, forte e vívido exercício de tal espírito. Uma
pessoa pode ter tal espírito que é referido na doutrina, e ter o exercício dele
em um grau inferior, e ainda assim permanecer em dúvida quanto a tê-lo ou não,
e ser incapaz de chegar a uma determinação satisfatória. Mas Deus se agrada de,
às vezes, dar descobertas de Sua glória, e da excelência de Cristo, a fim de
impelir o coração, para que saibam além de toda dúvida, que sentem o mesmo
espírito referido por Paulo quando disse que contava todas as coisas como perda
por causa da excelência de Cristo Jesus, seu Senhor, e possam dizer tão
ousadamente como ele, e como o salmista, no texto: “Quem mais tenho eu no céu?
Não há outro em quem eu me compraza na terra”. Em tais tempos o povo de Deus
não precisa da ajuda de ministros para satisfazê-los quanto a terem o
verdadeiro amor de Deus, pois claramente o veem e sentem; e o Espírito de Deus
então testemunha com seus espíritos que são filhos de Deus. Portanto, se vocês
estiverem satisfeitos a este ponto, e honestamente buscam tais realizações;
busquem para que possam ter claros e vívidos exercícios deste espírito. Para
este fim, devem se esforçar para crescer em graça. Embora tenham
tido tais experiências no passado, e elas os satisfizeram então, contudo, vocês
podem novamente entrar em
dúvidas. Devem , portanto, buscar para que elas sejam mais
frequentes, e o caminho nessa direção é sinceramente seguir adiante, para que
tenham mais intimidade com Deus, e tenham os princípios da graça fortalecidos.
Este é o caminho para fortalecer os exercícios da graça, vivificá-los, e
torná-los mais frequentes, e assim serem satisfeitos em ter um espírito de amor
supremo a Deus. 2. O outro caminho é inquirir se vocês preferem Deus a todas as
coisas na prática, isto é, facebook.com/JonathanEdwards.org
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Issuu.com/oEstandarteDeCristo 14 quando têm a ocasião de manifestar pela sua
prática aquilo que vocês preferem – quando podem se apegar a um ou a outro, e
devem esquecer-se de uma ou outra coisa, ou de Deus – se então for seu costume
na prática preferirem Deus a todas as outras coisas, sejam elas quais forem,
mesmo aquelas terrenas as quais seus corações estão mais ligados. Suas vidas
são apegadas a Deus e o servem deste modo? O que prefere sinceramente Deus à
todas as outras coisas em seu coração, o fará na sua prática. Pois quando Deus
e todas as outras coisas vierem a competir, esse é o teste apropriado para
saber o que um homem prefere; e a maneira de agir em tais casos deve certamente
determinar qual deve ser a escolha em todos os agentes livres, ou aqueles que
agem em escolha.
Portanto , não há sinal de sinceridade mais insistido na
Bíblia que este: que neguemos a nós mesmos, vendamos tudo, esqueçamos o mundo,
tomemos a cruz, e sigamos Cristo aonde quer que Ele vá. Portanto, corram dessa
maneira, não na incerteza; assim lutem, não como quem desfere socos ao ar; mas
esmurrem seus corpos e os reduzam à escravidão. E ajam não como se houvessem
atingido a perfeição; mas fazendo uma coisa: “Esquecendo-me das coisas que para
trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo,
para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus ”. E 2 Pe
1.5: “Por isso mesmo, vós, reunindo toda a vossa diligência, associai com a
vossa fé a virtude; com a virtude, o conhecimento; com o conhecimento, o
domínio próprio; com o domínio próprio, a perseverança; com a perseverança, a
piedade; com a piedade, a fraternidade; com a fraternidade, o amor. Porque
estas coisas, existindo em vós e em vós aumentando, fazem com que não sejais
nem inativos, nem infrutuosos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus
Cristo”.
Fonte: JonathanEdwardsSelecionados.blogspot.com.br