Tendo visto agora que a
existência de Deus é um fato estabelecido, um fato mais certo que qualquer
conclusão de um arrazoamento formal, porque é o fundamento necessário de toda a
razão, passamos à consideração de uma outra matéria. Há agora, e tem havido por
séculos, um livro peculiar neste mundo, chamado Bíblia, que professa ser a
revelação de Deus.
Os seus escritores falam nos
termos mais ousados de sua autoridade como interlocutores de Deus. Esta autoridade
tem sido admitida por milhões de habitantes da terra, tanto no passado como no presente.
Desejamos perguntar, portanto, se este livro é o que ele professa ser e o que
ele tem sido e se crê ser por uma multidão de gente, - uma revelação de Deus.
Se não é uma revelação de Deus, então os seus escritores ou foram enganados ou
foram enganadores maliciosos.
I.
É a Bíblia historicamente autentica?
Por esta pergunta queremos dizer:
É a Bíblia verossímil como um arquivo de fatos históricos? Há mais ou menos um
século críticos sustentaram ser a Bíblia inverossímil como história. Disseram que
os quatro reis mencionados em Gênesis 14:1 nunca existiram e que a vitória dos
reis do Ocidente contra os do Oriente, como descrita neste capítulo, nunca
ocorreu. Negaram que um povo tal como os hititas viveram algures. Sargon,
mencionado em Isaías 20:1 como rei da Assíria, foi considerado como uma
personagem mitológica. Mas como é agora? Podemos dizer hoje, após se fazerem
extensas investigações concernentes às nações antigas, que nem um só ponto da
Bíblia fica refutado. As confiadas negativas dos primeiros críticos tem-se
provado ousadias de ignorância. Prof. A. H. Sayce, um dos mais eminentes dos
arquiologistas, diz: "Desde a descoberta das tábuas de Tel el-Amarna até
agora, grandes coisas foram trazidas pela arqueologia e cada uma delas tem
estado em harmonia com a Bíblia, enquanto quase cada uma delas tem sido
mortífera contra as asserções dos críticos destruidores". Há um pouco mais
de uma década a United Press irradiou o testemunho de A. S. Yahuda,
primeiramente professor de História Bíblica na Universidade de Berlin e mais
tarde de linguagem semítica na Universidade de Madrid no sentido que "toda
a descoberta arqueológica da Palestina e Mesopotamia do período bíblico traz a
exatez histórica da Bíblia ".
II.
É a Bíblia revelação de Deus?
Estamos agora na consideração de
uma outra questão. Um livro historicamente correto podia ser de origem humana.
É isto verdade da Bíblia?
1. UMA PROBABILIDADE ANTECEDENTE.
Um pensamento cuidadoso, á parte da
questão se a Bíblia é a revelação de Deus, convencerá qualquer crente bem
intencionado na existência de Deus de que é altamente provável que Deus deu ao
homem uma revelação escrita explícita e duradoura da vontade divina. A
consciência do homem informa-o da existência da lei. Como foi bem dito: "A
consciência não estabelece uma lei, ela adverte da existência de uma lei."
(Diman, Theistic Argument). Quando o homem tem o senso comum de que está
procedendo mal, ele tem a indicação de que transgrediu alguma lei.
Quem mais, fora de Jeová, cuja
existência achamos ser um fato estabelecido, poderia ser o autor dessa lei? E
desde que o homem pensa intuitivamente de Deus como sendo bom, ele deve pensar do
propósito de Sua lei como sendo bom. Portanto, não podemos pensar desta lei
como sendo para o mero propósito de condenação. Deve ser que esta lei é para a
disciplina do homem em justiça. Devemos também concluir que Deus, sendo
mostrado ser sábio por Suas maravilhosas obras, usaria dos meios mais eficazes
para a execução do seu propósito por meio da lei. Isto argue por uma revelação
escrita, porque qualquer grau notável de obediência a uma lei justa é impossível
ao homem sem conhecimento dessa lei. A natureza e a razão são incertas demais, indistintas,
incompletas e insuficientes para o propósito.
Mais ainda, E. Y. Mullins diz:
"A mesma idéia de religião contém no seu âmago a idéia de revelação.
Nenhuma definição de religião que omite essa outra idéia pode permanecer à luz
dos fatos. Se o fiel fala a Deus e Deus fica para sempre silente ao fiel, temos
somente um ângulo da religião e a religião se torna uma casuística sem
sentido" (The Christian Religion in its DoctrinalExpression).
2. UMA PRESUNÇÃO RAZOÁVEL
"Se a Bíblia não é o que o
povo cristão do mundo pensa ser, então temos em nossas mãos o tremendo problema
de dar conta de sua crescida e crescente popularidade entre a grande maioria do
povo mais iluminado da terra e em face de quase toda a oposição
concebível" (Jonathan Rigdon, Science and Religion). Grandes esforços se
fizeram para destruir a Bíblia como nunca antes se produziram para a destruição
de qualquer outro livro. Seus inimigos tentaram persistentemente deter sua
influencia.
A crítica assaltou-a e o ridículo
escarneceu-a. A ciência e a filosofia foram invocadas para desacreditá-la. Á
astronomia, no descortinar das maravilhas celestes, pediram-se alguns fatos para
denegri-la e a geologia, nas suas buscas na terra foi importunada para
lançar-lhe suspeita." (J. M. Pendleton, Christian Doctrines). Contudo "Firme,
serena, imovível, a mesma
Ano após ano... Arde eternamente
na chama inapagável; Fulge na luz inextinguível". Whitaker
A Bíblia "levanta-se hoje
como uma fênix do fogo com um ar de mistura de dó e desdém pelos seus
adversários, tão ilesa como foram Sidraque, Misaque e Abdenego na fornalha de Nabucodonozor"
(Collet, All About the Bible).
Não é provável que qualquer
produção meramente humana pudesse triunfar sobre semelhante oposição como a que
se moveu contra a Bíblia.
3. PROVAS DE QUE A BÍBLIA É A REVELAÇÃO DE DEUS.
(1) As grandes
diferenças entre a Bíblia e os escritos dos homens evidenciam que ela não é uma
simples produção humana.
Estas diferenças são: -
A. Quanto ás suas profundezas e
alcances de sentido. "Há infinitas profundezas e alcances inexauríveis de
sentido na Escritura, cuja diferença é de todos os outros livros e que nos
compelem a crer que o seu autor deve ser divino" (Strong). Podemos apanhar
as produções dos homens e ajuntar tudo quanto eles têm a dizer numa só leitura.
Mas não assim com a Bíblia. Podemos le-la repetidamente e achar novos e mais profundos
sentidos. Vacilam nossas mentes ante sua profundeza de sentido.
B. Quanto ao seu poder, encanto,
atração e frescura perene. Os escritores bíblicos são incomparáveis no
"seu poder dramático", esse encanto divino e indefinível, esse
atrativo misterioso e sempre atual que neles achamos em toda a nossa vida como nas
cenas da natureza, um encanto sempre fresco. Depois de estarmos deliciados e
tocados por essas incomparáveis narrativas em nossa infância remota, elas ainda
revivem e afetam nossas ternas emoções mesmo no declínio grisalho. Deve haver,
certamente, algo sobre-humano na mesma humanidade dessas formas tão familiares
e tão singelas" (L. Gaussen, Theopneustia). E este mesmo autor sugere uma
comparação entre a história de José na Bíblia e a mesma história no Al-Korão.
Outro autor (Mornay) sugere uma comparação entre a história de Israel na Bíblia
e a mesma história em Flavio Joséfo. Diz ele que ao ler a história bíblica, os
homens "sentirão vibrar todos os seus corpos, mover seus corações,
sobrevindo-lhes num momento uma ternura de afeto, mais do que se todos os
oradores da Grécia e Roma lhes tivessem pregado as mesmas matérias por um dia
inteiro". Diz ele dos relatos de Joséfo, "que se deixarão mais frio e
menos emocionado do que quando os achou". Ajunta então: "Que, então,
se esta Escritura tem na sua humildade mais elevação, na sua simplicidade mais
profundeza, na sua ausência de todo esforço mais encantos, na sua rudeza mais
vigor e alvo do que podemos achar noutro lugar qualquer?"
C. Quanto a sua
incomparável concisão.
No livro do Gênesis temos uma
história que fala da criação da terra e de ela ser feita lugar adequado para
habitação do homem. Fala da criação do homem, animais, plantas e da sua colocação
na terra. Fala da apostasia do homem, do primeiro culto, do primeiro
assassínio, do dilúvio, da repopulação da terra, da dispersão dos homens, da
origem da presente diversidade de línguas, da fundação da nação judaica e do
desenvolvimento e das experiências dessa nação durante uns quinhentos anos;
tudo, todavia, contido em cinqüenta capítulos notavelmente breves. Comparai
agora com isto a história escrita por Joséfo. Tanto Moisés como Joséfo foram
judeus, ambos escreveram sobre os judeus, mas Joséfo ocupa mais espaço com a
história de sua própria vida do que Moisés consome no arquivo da história desde
a criação até ä morte de José. Tomai também os escritos dos evangelistas.
"Quem entre nós podia ter sido durante três anos e meio testemunha
constante, amigo apaixonadamente chegado, de um homem como Jesus Cristo; quem podia
ter podido escrever em dezesseis ou dezessete curtos capítulos,... a história
inteira dessa vida: - do Seu nascimento, o Seu ministério, dos Seus milagres,
das Suas pregações, dos Seus sofrimentos, de Sua morte, de Sua ressurreição, de
Sua ascensão aos céus? Quem entre nós teria julgado possível evitar de dizer
uma palavra sobre os primeiros trinta anos de uma semelhante vida? Quem entre
nós podia ter relatado tanto atos de bondade sem uma exclamação; tantos milagres
sem uma reflexão a respeito; tantos sublimes pensamentos sem uma ênfase; tantas
fraquezas sem pecado no seu Mestre e tantas fraquezas pecaminosas nos Seus
discípulos, sem nenhuma supressão; tantos casos de resistência, tanta
ignorância, tanta dureza de coração, sem a mais leve desculpa ou comento? É
assim que os homens escrevem história? E mais, quem entre nós podia ter sabido
como distinguir o que exigia ser dito por alto do que exigia sê-lo em minúcia?"
(Gaussen).
(2) A revelação de
coisas que o homem, deixado a si mesmo, jamais podia ter descoberto dá evidência
da origem sobre-humana da Bíblia.
Um Estudo Sistemático de Doutrina Bíblica
Por: Thomas Paul Simmons