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sexta-feira, 30 de março de 2018

Equilíbrio na Vida Espiritual

 JONATHAN EDWARDS (1703-1758)


A simetria das virtudes cristãs não é perfeita nesta vida. Muitas vezes é imperfeita pela falta de ensinamento, erros de julgamento, 0 poder do temperamento natural e muitos outros fatores. Mesmo assim, os verdadeiros cristãos nunca demonstram aquela grotesca falta de equilíbrio que marca a religião dos hipócritas.

Deixem-me dar um exemplo especial do que quero dizer. No verdadeiro cristão, alegria e conforto convivem com tristeza piedosa e lamentação pelo pecado. Nunca sentimos nenhuma tristeza piedosa até que nos tornemos novas criaturas em Cristo, e um dos sinais do verdadeiro cristão é que detesta e continua a detestar o pecado, "Bem--aventurados os que choram porque serão consolados" (Mat. 5:4). A alegria da salvação e uma piedosa tristeza pelo pecado andam juntas na verdadeira religião. Por outro lado, muitos hipócritas se regozijam sem se abalarem.

Hipócritas também demonstram uma grotesca falta de equilíbrio em suas atitudes frente a pessoas e objetos diferentes. Tomem por exemplo o modo como manifestam o amor. Alguns fazem um grande espetáculo do seu amor por Deus e Cristo, mas são briguentos, invejosos, vingativos e caluniadores em relação aos outros homens. Isso é pura hipocrisia! "Se alguém disser: amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê" (I Jo. 4:20). Por outro lado, existem alguns que parecem muito calorosos, amigáveis e ajudadores dos homens - todavia não têm qualquer amor por Deus!

De novo, existem pessoas que amam àqueles que concordam com eles, e os admiram, porém não têm tempo para aqueles que se opõem e se antipatizam contra eles. O amor do cristão deve ser universal! "Para que vos torneis filhos do vosso Pai celestial, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e vir chuvas sobre justos e injustos. Porque se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo?" (Mat. 5:45-6).

Algumas pessoas mostram amor pelos outros em respeito a suas necessidades corporais, entretanto, não têm amor por suas almas. Ou¬tras fingem ter um grande amor pelas almas dos homens, mas não têm compaixão por seus corpos. (Fazer uma grande demonstração de pie¬dade e angústia pelas almas muitas vezes não custa nada; para mos¬trar misericórdia pelos corpos dos homens temos que nos separar de nosso dinheiro!). O verdadeiro amor cristão abrange tanto as almas como os corpos de nossos vizinhos. A compaixão de Cristo era assim, como vemos em Marcos 6:34-44. Sua compaixão pelas almas das pes¬soas movia-0 a ensiná-las e Sua compaixão pelos seus corpos movia-O a alimentá-los pelo milagre dos cinco pãezinhos e dois peixes.

Percebe-se por tudo isto o que tenho em mente quando digo que a falsa religião é desequilibrada e desprovida de simetria. Podemos ver esta falta de equilíbrio de muitos outros modos. Alguns, por exemplo, ficam muito agitados sobre os pecados dos outros cristãos, no entanto não parecem muito preocupados com seus próprios pecados. Um verdadeiro cristão, entretanto, fica mais preocupado com seus próprios pecados do que com os pecados dos outros. É claro que ficará transtornado quando outros cristãos pecarem, mas é sempre mais rápido em detectar e condenar os seus próprios pecados. Existem aqueles que mostram um zelo pela liderança espiritual, porém sem o zelo correspondente pela oração. Outros sentem emoções religiosas quentes quando em companhia dos cristãos, contudo tornam-se frios na solidão, etc.