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domingo, 15 de abril de 2018

O parecer contra as imagens de certos vultos da patrística


Leia-se, ademais, o que acerca desta matéria escreveram Lactâncio e Eusébio, que não hesitaram em tomar axiomaticamente que todos esses de quem se veem imagens foram seres mortais. O que Agostinho expressou não foi outra coisa, o qual declara taxativamente que é abominável não só adorar imagens, mas também o erigilas a Deus. Contudo, tampouco ele está dizendo outra coisa senão o que havia sido decretado, muitos anos antes, no Concílio de Elvira, do qual este é o cânon trinta e seis: “Resolveu-se que não se tenham nos templos representações pictoriais, como
também não se pinte em suas paredes o que se cultua ou adora.”
Mas é preciso lembrar especialmente do que o mesmo Agostinho, em outro lugar, cita de Varrão e confirma com sua chancela: “Os primeiros a introduzirem imagens dos deuses, esses, de um lado, removeram o temor; de outro, acrescenta ram o erro.” Se Varrão dissesse apenas isso, talvez pouco tivesse de autoridade;
contudo, com razão nos deveria causar vergonha que um pagão, como que a tatear nas trevas, tenha chegado a esta luz, isto é, que as imagens corpóreas são indignas da majestade de Deus porque diminuem nos homens o temor e aumentam o erro.
Incontestavelmente o atestam os próprios fatos que isso foi dito não menos veraz que sabiamente, mas Agostinho, tendo-o tomado de empréstimo a Varrão, o profere em conformidade com seu próprio sentimento. E de início reitera, em verdade, que os primeiros erros a respeito de Deus em que os homens se enredilharam não começaram com as imagens, porém aviltaram, uma vez introduzido esse novo elemento.
Em seguida, expõe que, com isso, diminuiu-se, ou até mesmo extinguiu-se o temor de Deus, pois na estultícia das imagens e em sua inepta e absurda invenção facilmente pode menosprezar-se sua divina majestade. Este segundo ponto, prouvera não experimentássemos ser tão verdadeiro.
Portanto, quem quer que deseje ser corretamente ensinado, aprenda de outra fonte, a saber, o que de Deus se pode conhecer não deve ser através de imagens.

João Calvino