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quinta-feira, 8 de novembro de 2018

O ABSURDO DO PRIMADO DE ROMA EVIDENCIADO EM RELAÇÃO A OUTRAS SÉS, ÀS QUAIS SE DEVERIA NECESSARIAMENTE APLICAR O PRINCÍPIO

Mas, consideremos que seja assim, e presumamos que o primado foi transferido de Antioquia para Roma. Por que, pois, Antioquia não reteve o segundo lugar? Ora, se de fato Roma exerce o primeiro lugar, que aí Pedro teve sua sé até o término da vida, a que cidade se dará antes o segundo lugar, na qual ocupara ele a primeira sé? Como aconteceu, pois, que Alexandria tivesse precedência sobre Antioquia? Como foi possível que a igreja de um mero discípulo seja superior à sé de Pedro? Se a cada igreja se deve honrar conforme a dignidade de seu fundador, que diremos também das demais igrejas? Paulo enumera três que pareciam ser as colunas: Tiago, Pedro e João [Gl 2.9]. Se porventura atribuir-se à sé romana o primeiro lugar em honra a Pedro, porventura as igrejas de Éfeso e Jerusalém não merecem o segundo e o terceiro, onde tiveram suas sés João e Tiago? Com efeito, Jerusalém outrora teve entre os patriarcados o último lugar; Éfeso, de fato, nem mesmo pôde garantir o último canto! Outras igrejas foram também preteridas, não importa quantas e quaisquer Paulo tenha fundado, quantas os demais apóstolos estiveram à frente. A sé de Marcos, que foi apenas um dentre os discípulos, obteve a honra sobre todas essas igrejas. Confessem que esta ordem é bem estranha; ou, antes, concedam que não há correspondência entre o grau de honra que se concede a uma igreja e a dignidade de seu fundador.

João Calvino