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terça-feira, 24 de julho de 2018

A RELAÇÃO ESPECIAL DE DEUS COM SEU POVO CONTIDA NA AFIRMAÇÃO: “EU SOU O SENHOR TEU DEUS”


Depois que se mostra ser aquele que tem o direito de ditar ordens, a quem se deve obediência, para que não pareça compelir tão-só pela necessidade, atrai também pela doçura, pronunciando ser o Deus da Igreja. Pois subjaz à expressão uma relação mútua, que se contém na promessa: “Ser-lhes-ei por Deus, eles me serão por povo” [Jr 31.33]. Donde Cristo comprova a imortalidade de Abraão, Isaque e Jacó, ou, seja: que o Senhor se tem atestado ser o Deus deles [Mt 22.32]. Portanto, é exatamente como se falasse assim: “Eu vos escolhi para mim por povo, a quem houvesse de beneficiar não apenas na presente vida, mas ainda houvesse de prodigalizar a bem-aventurança da vida futura.” A que fim, porém, isto contemple, assinala-se em vários lugares na lei. Ora, como o Senhor nos tem por dignos desta misericórdia, que nos associe em consórcio a seu povo, “escolhe-nos”, diz Moisés, “para que lhe sejamos por um povo especial, por um povo santo, e lhe guardemos os mandamentos” [Dt 7.6; 14.2; 26.18, 19]. Donde essa exortação: “Sede santos, porque eu sou santo” [Lv 11.44; 19.2]. Ademais, destas duas preceituações se deriva essa exclamação que está no Profeta: “O filho honra ao pai e o servo honra ao senhor. Se eu sou Senhor, onde está o temor? Se eu sou Pai, onde está o amor?” [Ml 1.6].

João Calvino