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segunda-feira, 30 de julho de 2018

O FALSO JURAMENTO É UMA PROFANAÇÃO DO NOME DE DEUS


Uma vez que já entendemos que o Senhor quer que seja inerente em nossos juramentos o culto de seu nome, tanto maior diligência se deve aplicar para que não contenham nem afronta nem menosprezo em vez de culto. Não é uma afronta leve fazer-se por ele falso juramento, donde também na lei se chama isso profanação [Lv 19.12]. Ora, que resta ao Senhor quandose vê despojado de sua verdade? Então deixa de ser Deus. Pois é de fato despojado, quando é constituído sufragador e aprovador do que é falso. Portanto Josué, quando quis forçar Acã à confissão da verdade, insta: Filho meu, dá glória ao Senhor de Israel” [Js 7.19], implicando, obviamente, que o Senhor é gravissimamente ultrajado, se por ele se jura falso.
Nem é de admirar, pois não é por omissão nossa que, de certa forma, não se lhe atribui falsidade ao sagrado nome. Que esta forma de expressão – “dá glória a Deus” – foi usada entre os judeus sempre que alguém era chamado a pronunciar um juramento, é evidente à luz de semelhante invocação de Deus como testemunha de que fazem uso os fariseus no Evangelho de João [9.24]. A este acautelamento nos previnem outras fórmulas que se usam nas Escrituras: “Vive o Senhor” [1Sm 14.39]; “Faça-me isto o Senhor e estas coisas acrescente ele” [1Sm 14.44; 2Sm 3.9; 2Rs 6.31]; “Deus seja testemunha contra a minha alma” [2Co 1.23], que sugerem que não podemos invocar a Deus por testemunha de nossa palavra, sem que roguemos nos seja ele o vingador do falso juramento, se estamos a enganar.

João Calvino