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quarta-feira, 25 de julho de 2018

O SEGUNDO MANDAMENTO

“NÃO FARÁS PARA TI IMAGEM ESCULPIDA, NEM FIGURA ALGUMA DAS COISAS QUE ESTÃO NO CÉU, ACIMA, OU NA TERRA, EMBAIXO, OU NAS ÁGUAS QUE ESTÃO DEBAIXO DA TERRA. NÃO AS ADORARÁS NEM LHES DARÁS CULTO” [EX 20.4, 5]

 O SEGUNDO MANDAMENTO PRECEITUA O CULTO ESPIRITUAL DE DEUS


Como no mandamento precedente, o Senhor se proclamou ser o Deus único, além do qual nenhum outro deus se deve imaginar ou ter, assim, neste mandamento declara ainda mais explicitamente agora de que natureza é, e com que modalidade de culto deve ser ele honrado, para que não ousemos atribuir-lhe algo sensório.
Portanto, a finalidade deste mandamento é que Deus não quer que seu legítimo culto seja profanado mediante ritos supersticiosos. Por isso, em síntese, ele nos dissuade e afasta totalmente das observâncias materiais insignificantes que nossa mente bronca, em razão de sua crassitude, costuma inventar quando concebe a Deus. E daí nos instrui em relação a seu legítimo culto, isto é, ao culto espiritual e estabelecido por ele mesmo. Assinala, ademais, o que é o mais grosseiro defeito nesta transgressão: a idolatria exterior. Na verdade, são duas as partes deste mandamento. A primeira nos coíbe a imoderação, para que não ousemos sujeitar nossos sentidos, ou representar a Deus com qualquer forma que paire além da compreensão; a segunda veda que adoremos qualquer imagem com o pretexto de religião. Com efeito, enumera, em poucas palavras, todas as formas com que costumava ser representado pelas pessoas profanas e supersticiosas. Por aquelas coisas que estão no céu compreende o sol, a lua e os outros astros, e talvez as aves, da mesma forma que em Deuteronômio [4.17, 19], expressando seu intento, menciona tanto as aves quanto as estrelas. Não teria assinalado isto, se não visse que certos autores aplicam improcedentemente essa referência aos anjos. Dessa forma, deixo de focalizar os demais elementos referidos no preceito porque são em si mesmos evidentes. E ensinamos de forma sobejamente explícita que todas as formas visíveis de Deus, que o homem cogita, se põem diametralmente em conflito com sua natureza; e por isso, tão logo se interpõem os ídolos, corrompe-se e adultera-se a verdadeira religião.

João Calvino