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segunda-feira, 30 de julho de 2018

CARÁTER SAGRADO DO JURAMENTO PELO NOME DE DEUS


É preciso considerar, em primeiro lugar, o que é um juramento. De fato, é a invocação de Deus por testemunha para confirmar-se a veracidade de nossa palavra. Entretanto, as imprecações que contêm manifestos insultos a Deus são indignas de que sejam contadas entre os juramentos. Patenteia-se em muitas passagens da Escritura que invocação desta natureza, quando devidamente articulada, é uma expressão de culto divino, como quando Isaías vaticina que os assírios e os egípcios haveriam de ser convocados para uma relação pactual com Israel. “Falarão”, diz ele, “a língua de Canaã e jurarão no nome do Senhor” [Is 19.18], isto é, ao jurarem pelo nome do Senhor, estarão proferindo uma confissão de sua religião. De igual modo, quando fala acerca de estender-se-lhe o reino: “Quem quer que a si se abençoar, se abençoará no Deus dos fiéis; e quem jurar na terra, jurará pelo Deus verdadeiro” [Is 65.16]. Assim, Jeremias: “Se os entendidos”, diz ele, “ensinarem o povo a jurar por meu nome, assim como ensinaram a jurar por Baal, serão edificados no meio de minha casa” [Jr 12.16]. E, com invocarmos o nome do Senhor em testemunho, diz-se, com razão, que estamos atestando nosso reconhecimento de sua divina soberania. Pois, dessa forma, o confessamos ser a eterna e imutável verdade, a quem invocamos não só como a testemunha idônea da verdade acima das demais, mas ainda como seu enunciador único, que pode trazer à luz as coisas escondidas e, ademais, como o conhecedor dos corações. Pois onde falecem os testemunhos dos homens, retrocedemos a Deus como nossa testemunha, especialmente quandose tem de asseverar o que jaz oculto na consciência. Por essa razão, inflama-se acerbamente o Senhor para com aqueles que juram por deuses estranhos e interpreta esse gênero de juramento como prova de manifesta defecção: “Teus filhos me abandonaram e juram por aqueles que não são deuses” [Jr 5.7]. E a gravidade deste delito declara-a pela ameaça das penas: “Exterminarei aqueles que juram pelo nome do Senhor e juram por Milcom” [Sf 1.5].

João Calvino