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quinta-feira, 25 de outubro de 2018

AOS CRENTES SOB A NOVA ALIANÇA, EM CRISTO, NÃO MENOS FACULTADO É O PERDÃO DOS PECADOS

Porventura, pela vinda de Cristo, na qual se revelou a plenitude da graça, foi este benefício detraído aos fiéis, de sorte que não ousem suplicar por perdão dos delitos, os quais, havendo ofendido ao Senhor, não alcancem nenhuma misericórdia? Que outra coisa isto seria senão dizer que Cristo veio para perdição, não para a salvação dos seus, se a indulgência de Deus em perdoar os pecados, que no Antigo Testamento estivera constantemente disponível aos santos, agora foi totalmente removida? Pois se temos fé nas Escrituras que eloqüentemente proclamam que por fim em Cristo se revelou plenamente a graça e a humanidade do Senhor [Tt 2.13], derramada a opulência de sua misericórdia [2Tm 1.9; Tt 3.4], consumada a reconciliação de Deus e dos homens [2Co 5.18], não nutramos dúvida de que muito mais benigna se exibe diante de nós a clemência do Pai celestial, a qual não foi cortada nem apoucada. Com efeito, tampouco disso faltam evidências. Pedro, que ouviu dos lábios de Cristo que quem negasse seu nome diante dos homens, ele também o negaria diante dos anjos celestiais [Mt 10.33; Mc 8.39; Lc 9.26], o negou três vezes em uma só noite, e com graves imprecações [Mt 27.69-74; Mc 14.66-72; Lc 22.54-62; Jo 18.15- 17, 25-27], contudo não é privado de perdão [Lc 22.32; Jo 21.15-17]. Aqueles que entre os tessalonicenses viviam desregradamente são castigados de modo que Paulo os convida ao arrependimento [2Ts 3.6, 11-15]. Por certo que nem tampouco Pedro desespera a Simão Mago, senão que, antes, o exorta a nutrir boa esperança, quando o persuade a recorrrer à oração.

João Calvino