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domingo, 7 de outubro de 2018

EVIDÊNCIAS DA ESCRITURA QUE NEGAM O PRESSUPOSTO DE UMA SEMENTE DA ELEIÇÃO

Semente de eleição de que natureza, pergunto eu, então medrava naqueles que, ao longo de toda sua vida, contaminados de variadas maneiras, como se em desesperada impiedade, chafurdando-se em dissolução de todas a mais nefanda o execrável? Se Paulo quisesse falar conforme esses tais, deveria mostrar-lhes quanto deviam à benevolência de Deus, mercê da qual foram preservados para que não caíssem em tão grandes torpezas. Assim, também Pedro deveria ter exortado os seus à gratidão por causa da perpétua semente da eleição. Ao contrário, ele adverte que fora suficiente o tempo passado para consumar as concupiscências dos gentios[1Pe 4.3]. O que dizer se passarmos aos exemplos? Gérmen de justiça de que natureza havia em Raabe, a meretriz [Js 2.1], antes que viesse à fé? Que semente em Manassés, quando embebeu Jerusalém imergindo-a, por assim dizer, no sangue dos Profetas? [2Rs 21.16]. E no ladrão, o qual, finalmente, se moveu ao arrependimento, por entre os últimos alentos? [Lc 23.42]. Portanto, longe de nós esses argumentos que, à parte da Escritura, para si próprios temerariamente cogitam homens demasiadamente curiosos! Permaneça, porém, para nós o que tem a Escritura: “Todos igualmente se extraviaram, à semelhança de ovelhas perdidas; cada um se desgarrava para seu caminho” [Is 53.6], isto é, para a perdição. Aqueles a quem o Senhor outrora determinou tirar deste sorvedouro de perdição, os guarda para sua ocasião; os preserva somente para que não se precipitem em imperdoável blasfêmia.

João Calvino