Total de visualizações de página

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

RELAÇÃO ENTRE MESTRES E PROFETAS, E ENTRE PASTORES E APÓSTOLOS

Temos assim quais os ministérios que foram temporários no governo da Igreja, e quais foram instituídos para durarem perpetuamente. Ora, se agruparmos os evangelistas com os apóstolos, de certo modo nos restarão dois pares que correspondem entre si. Pois, a semelhança que nossos mestres têm com os antigos profetas, os apóstolos a têm com os pastores. O ofício profético foi mais eminente em razão do dom singular de revelação pelo qual os profetas exceliam, mas o ofício dos mestres tem natureza quase semelhante e um exercício inteiramente o mesmo. Da mesma forma também aqueles doze a quem o Senhor escolheu para que proclamassem ao mundo a nova pregação do evangelho tiveram precedência sobre os demais em ordem e dignidade. No entanto, o sentido e a etimologia do termo podem chamar corretamente apóstolos a todos os ministros eclesiásticos, visto que são todos enviados pelo Senhor e são seus mensageiros. Contudo, visto que importava muitíssimo que se tenha seguro conhecimento acerca da missão desses que apresentariam coisa nova e inaudita, foi conveniente que esses doze, a cujo número mais tarde se acrescentou Paulo [At 9.15; Gl 1.1], sejam mencionados acima dos outros por um título especial. Na verdade, o próprio Paulo, em alguma parte [Rm 16.7], atribuiu este título a Adrônico e Júnias, a quem diz que eram insignes entre os apóstolos; quando, porém, quer falar acuradamente, o atribui exclusivamente àquela primeira ordem. E este é o uso comum da Escritura. Os pastores, entretanto, exceto que regem, um a um, determinadas igrejas a si designadas, mantêm com os apóstolos o mesmo cargo. Além disso, de que natureza seja esse encargo ainda ouviremos mais claramente.

João Calvino