Total de visualizações de página

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

O CUIDADO DOS POBRES É OFÍCIO DOS DIÁCONOS, DOS QUAIS HAVIA DUAS CLASSES NA IGREJA PRIMITIVA

O cuidado dos pobres foi confiado aos diáconos. Todavia, na Epístola aos Romanos lhes são atribuídas duas modalidades: “Aquele que distribui”, diz Paulo aí, “faça-o com simplicidade; aquele que exerce misericórdia, com alegria” [Rm 12.8]. Uma vez que certamente ele está falando dos ofícios públicos da Igreja, necessariamente houve dois graus distintos de diáconos. A não ser que me engane o juízo, no primeiro membro da cláusula ele designa os diáconos que administravam as esmolas; no segundo, porém, aqueles que se dedicaram a cuidar dos pobres e dos enfermos, como, por exemplo, as viúvas das quais faz menção a Timóteo [1Tm 5.9, 10]. Pois nenhum outro ofício público podiam as mulheres desempenhar além do serviço aos pobres. Se recebemos isto (como tem de ser absolutamente recebido), duas serão as modalidades de diáconos, dos quais uns servirão à Igreja na administração das coisas relativas aos pobres; outros, cuidando dos próprios pobres. Mas, ainda que o próprio termo diakoni,a/[diak(ní*] tenha sentido mais amplo, contudo a Escritura denomina especialmente diáconos aos que são constituídos pela Igreja para distribuir esmolas e cuidar dos pobres, como seus procuradores. A origem, a instituição e o cargo dos diáconos o menciona Lucas nos Atos dos Apóstolos [6.3]. Ora, como fosse excitado pelos gregos o murmúrio de que no ministério dos pobres as viúvas estavam sendo negligenciadas, os apóstolos, justificando que não poderiam atender a ambos os ofícios, solicitam da multidão que fossem escolhidos sete homens probos que atendessem não só à pregação da Palavra, mas também ao ministério das mesas, aos quais confiassem essa função. Aqui está a missão dos diáconos nos dias dos apóstolos, e como devemos tê-los conforme o exemplo da Igreja primitiva.

João Calvino