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quinta-feira, 25 de outubro de 2018

OS PATRIARCAS E O ISRAEL DE OUTRORA, A DESPEITO DE SEREM O POVO DE DEUS, PECANDO MESMO QUE SEJA GRAVEMENTE ALCANÇAM O PERDÃO DIVINO

E para começarmos quase do próprio berço da Igreja, os patriarcas foram circuncidados, admitidos à participação do pacto, plenamente instruídos, sem dúvida pela diligência do pai quanto à justiça e integridade, quando conspiraram para o fratricídio [Gn 37.18] – era um crime a ser abominado até pelos mais depravados salteadores. Finalmente abrandados pelas advertências de Judá, venderam o irmão [Gn 37.28] – também esta foi intolerável desumanidade. Simeão e Levi, em vingança nefária, e condenada também pelo juízo do pai, agiram com crueldade para com os siquemitas [Gn 34.25]. Ruben contaminou o leito paterno com a mais torpe devassidão [Gn 35.22]. Judá, cedendo a desejo fornicário, contrariando a lei da própria natureza, se une à nora [Gn 38.16-18]. Contudo, tão longe está de serem expulsos do povo eleito, os quais são, antes, levantados como cabeças. E o que diremos acerca de Davi? Quando seria o sumo administrador da justiça, com quão grande depravação abriu caminho a cega paixão, mediante a efusão de sangue inocente! [2Sm 11.4, 15]. Já havia sido regenerado e entre os regenerados era adornado de insignes encômios do Senhor – contudo perpetrou o que até entre os gentios é horrível depravação. E no entanto alcançou perdão [2Sm 12.13]. E, para que não nos detenhamos em exemplos individuais, quantas vezes promessas da divina misericórdia para com os israelitas subsistem na lei e profetas, tantas vezes se comprova que o Senhor se mostra aplacável para com as ofensas de seu povo. Pois que promete Moisés sucederá quando o povo caído em apostasia se volta para o Senhor? “Deus te reconduzirá do cativeiro, e se compadecerá de ti, e te congregará dentre os povos junto aos quais fores disperso. Se fores disperso até os confins do céu, daí eu te congregarei” [Dt 30.3, 4].

João Calvino