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quinta-feira, 20 de setembro de 2018

A ISENÇÃO DA SERVIDÃO À LEI É O TEMA BÁSICO DA LIBERDADE CRISTÃ NA EPÍSTOLA AOS GÁLATAS

 insípidos os intérpretes que ensinam que nela Paulo está defendendo apenas a liberação das cerimônias; é muito fácil provar os arrazoados de Paulo por estas passagens: “Cristo se fez maldição por nós, para que nos redimisse da maldição da lei” [Gl 3.13]; igualmente: “Permanecei firmes na liberdade com que Cristo vos libertou e não vos enredilheis de novo no jugo de servidão. Eu, Paulo, vos digo que, se vos circuncidais, Cristo de nada vos aproveitará. E aquele que se circuncida se faz devedor de toda a lei. Cristo se vos torna supérfluo, a tantos quantos se justificam pela lei; da graça decaítes” [Gl 5.1-4]. Certamente que algo mais sublime se contém nestas passagens que a mera liberação das cerimônias. De fato, confesso que Paulo aí trata de cerimônias, visto que está a digladiar com falsos apóstolos que estavam empenhados em reintroduzir na Igreja Cristã as velhas sombras da lei abolidas pela vinda de Cristo. Contudo, para decidiresta questão é preciso discutir os pontos mais aprofundados nos quais toda a controvérsia foi estabelecida. Primeiro, visto que a clareza do evangelho era obscurecida por aquelas sombras judaicas, Paulo mostra que em Cristo temos sólida exibição de todas essas coisas que eram obscurecidas nas cerimônias mosaicas. Em seguida, visto que esses impostores imbuíam o poviléu da perniciosíssima opinião de que esta obediência, obviamente, valeria para merecer a graça de Deus, aqui insiste muito em que não pensem os fiéis que justiça possam conseguir diante de Deus por alguma obra da lei, muito menos por esses elementos de tão pouca importância. E, ao mesmo tempo, ensina que, mediante a cruz de Cristo, estão livres da condenação da lei, a qual, de outra sorte, penderia sobre todos os homens, de modo que, com plena segurança, só em Cristo descansam, ponto que é aqui bastante pertinente. Enfim, afirma às consciências dos fiéis sua liberdade, para que não sejam assenhoreadas por qualquer obrigação em coisas não necessárias.

João Calvino