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sábado, 22 de setembro de 2018

A LIBERDADE CRISTÃ IMPLICA EM QUE A CONSCIÊNCIA CRENTE NÃO SE SUJEITE AOS PRECEITOS E IMPOSIÇÕES HUMANAS

Agora, porém, uma vez que as consciências fiéis, dotadas desta prerrogativa de liberdade, como já a descrevemos previamente, isto conseguiram pela mercê de Cristo: que não se enredilhem em qualquer laço de observâncias nessas coisas nas quais Deus quis que fossem livres, concluímos que ao poder de todos os homens elas foram subtraídas. Pois é degradante desviar de Cristo o reconhecimento de sua tão grande liberalidade, ou subtrair às próprias consciências seu beneficio. Nem devemos considerar coisa de pouca importância o que bem sabemos ter custado tanto a Cristo, pois que a avaliou não pelo ouro ou pela prata, mas pelo próprio sangue [1Pe 1.18,19], de sorte que Paulo não hesita em dizer que sua morte lhe seria sem efeito, se trazemos nossas almas em sujeição aos homens [1Co 7.23; Gl 2.21; 5.1]. Porque, ele não frisa outra coisa em alguns capítulos da Epístola aos Gálatas senão que Cristo nos é obscurecido, ou antes nos é extinto, a menos que em sua liberdade nossa consciência se mantenha firme, liberdade essa da qual, de fato, decaíram, se pelo arbítrio de homens podem ser enredados nos laços de leis e constituições. Entretanto, como é matéria muitíssimo digna de se conhecer, assim reclama a necessidade de explicação mais longa e mais nítida. Pois, tão logo ocorreu uma palavra acerca da anulação de constituições humanas, tumultos ingentes são excitados, em parte pelos sediciosos, em parte pelos caluniadores, como se, a um tempo, seja removida e subvertida toda a obediência dos homens.

João Calvino