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quinta-feira, 16 de agosto de 2018

O SENTIDO DE CRISTO, EM SUA ASCENSÃO, ASSENTAR-SE SOBERANAMENTE À DESTRA DE DEUS


Por isso se acrescenta em seguida, no Credo, que Cristo assentou-se à destra do Pai, evidentemente numa comparação extraída dos príncipes que têm seus assessores a quem delegam as vezes de reger e governar. Daí dizer-se que Cristo, em quem o Pai quer ser exaltado e pela mão de quem quer reinar, foi recebido à sua destra, como se fosse dito que, investido no governo do céu e da terra, entrou ele solenemente na posse da administração a si confiada. Não só que entrou nessa posse uma vez; pelo contrário, que nela permanece constante, até que desça para o Juízo Final. Ora, assim interpreta o Apóstolo quando fala nestes termos: “O Pai o fez sentarse à sua destra, acima de todo principado, e potestade, e poder, e dominação, e sobre todo nome que se nomeia, não apenas neste mundo, mas também no futuro” [Ef 1.20, 21], e: “Sujeitou todas as coisas sob seus pés” [1Co 15.27], e: “À Igreja o deu como cabeça sobre todas as coisas” etc. [Ef 1.22]. Vês ao que visa esta “sessão”, isto é, que honrem à sua majestade tanto as criaturas celestes quanto as criaturas terrenas, sejam-lhe regidas pela mão, atentem para seu arbítrio, sujeitem-se ao seu poder. Os apóstolos não querem outra coisa, quando tantas vezes fazem dela menção, senão ensinar que todas as coisas lhe foram entregues ao arbítrio. Por isso, não a interpretam corretamente aqueles que pensam que com isso se designa simplesmente a condição de bem-aventurança a que ele foi exaltado. O fato de que, em Atos [7.55], Estêvão testifica vê-lo posto em pé, porém nenhuma diferença faz, porquanto aqui se trata não do posicionamento do corpo, mas da majestade de senhorio, de sorte que estar assentado outra coisa não é senão presidir sobre o tribunal celeste.

João Calvino