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sábado, 21 de julho de 2018

A LEI NOS LEVA A RECORRER À GRAÇA


No entanto, que a iniqüidade e a condenação de todos nós são certificadas pelo testemunho da lei, isso não se faz, desde que dela tiremos o devido proveito, para que caiamos em desespero e, de ânimo consternado, nos precipitemos ao despenhadeiro. É verdade que os réprobos se aterram proveniente disso, porém em razão de sua obstinação de espírito. Convém que entre os filhos de Deus seja outro o propósito do conhecimento da lei. O Apóstolo atesta que nós, de fato, estamos condenados pelo julgamento da lei, para que toda boca se feche e o mundo todo se faça culposo diante de Deus [Rm 3.19]. O mesmo ensina ainda o Apóstolo, em outro lugar [Rm 11.32], que Deus a todos encerrou debaixo da incredulidade, não para que os perca, ou deixe que todos pereçam, mas para que ele tenha misericórdia de todos. Isto é, para que, posta de parte a opinião injustificada de sua própria capacidade, compreendam que é tãosomente pela mão de Deus que são firmados e subsistem, de sorte que, nus e vazios, se refugiem na misericórdia, nesta repousem inteiramente, no recesso desta se escondam, e tão-somente a esta se apeguem por justiça e méritos, misericórdia quefoi revelada em Cristo a todos quantos, em verdadeira fé, não só a buscam, mas também nela esperam. Pois, nos preceitos da lei Deus não aparece como recompensador senão da perfeita justiça, da qual todos nós estamos destituídos; em contraposição, porém, como severo juiz dos feitos maus. Mas, em Cristo sua face brilha, cheia de graça e brandura, para com os pecadores, ainda que míseros e indignos.

João Calvino