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quarta-feira, 18 de julho de 2018

O LIVRE-ARBÍTRIO NÃO É UMA QUESTÃO DE LEVAR A BOM TERMO O QUE É DO QUERER, MAS DO LIVRE QUERER COMO TAL


Aqui lembrem-se os leitores de que a faculdade do arbítrio humano não se deve estimar em função da eventuação das coisas, o que contrariamente costumam fazer certos indivíduos superficiais. Pois lhes parecem que podem provar com toda facilidade que a vontade do homem se acha cativa, pelo fato de que nem mesmo aos mais altos príncipes e monarcas do mundo as coisas sucedam como querem. Com efeito, esta faculdade de que estamos falando deve ser considerada dentro do homem, e não medida por eventuação externa. Pois, na discussão do livre-arbítrio, não se está a indagar se porventura se permite ao homem, por entre os ofícios externos, executar e consumar tudo quanto haja determinado na mente, mas se, em qualquer coisa que seja, tenha livre tanto a escolha do juízo quanto a inclinação da vontade, o que, se ambas assistem aos homens, de não menos livre-arbítrio será Atílio Régulo, confinado na estreiteza de um tonel crivado de pregos, que Augusto César a governar, de seu arbítrio, a grande parte do orbe terrestre.


João Calvino