Todavia, se alguém
tenta sujeitar todas as referências a regra de interpretação desse gênero, terá
procedido absurdamente, pois há algumas passagens que mostram, sem nenhuma
obscuridade, a imortalidade futura que aguarda aos fiéis no reino de Deus, das
quais já mencionamos algumas; quanto muitas outras, apresento especialmente
estas duas. Uma em Isaías [66.22-24]: “Como os novos céus e a nova terra que
faço subsistir diante de mim, assim subsistirá vossa posteridade. E será mês
após mês, sábado após sábado: virá toda a carne a adorar perante minha face,
diz o Senhor. E sairão, e verão os cadáveres dos homens que prevaricaram contra
mim, por isso o verme não lhes morrerá, e o fogo não se extinguirá.” A outra,
porém, de Daniel [12.1, 2]: “Naquele tempo, levantar-se-á Miguel, o grande
príncipe, que está a postos em favor dos filhos de seu povo, e virá uma era de
angústia, qual não houve desde que as gentes começaram a existir. E então se
salvará todo o teu povo, aquele que for achado escrito no livro. E daqueles que
dormem no pó da terra despertar-se-ão, uns para a vida eterna, outros para o
opróbrio sempiterno.”
João Calvino