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domingo, 12 de agosto de 2018

A ESPERANÇA DA VIDA FUTURA NA VISÃO DE EZEQUIEL 32 E ISAÍAS 26


Contentar-nos-emos com um exemplo. Quando, deportados para a Babilônia, os israelitas visualizariam sua dispersão ser muito semelhante à morte, mal podiam ser demovidos desta opinião, a saber: julgavam ser fabuloso o que Ezequiel vaticinava acerca de sua restauração, pois pensavam ser isto literalmente, como se o profeta estivesse anunciando que cadáveres já putrefatos haveriam de ser ressuscitados à vida. Para que pusesse à mostra que nem mesmo por esta própria dificuldade era impedido de dar o devido lugar a esse benefício, o Senhor mostra ao Profeta, em uma visão, um campo cheio de ossos secos, aos quais, mediante o poder unicamente de sua palavra, restaurou, em um momento, o espírito e a vitalidade [Ez 37.1-14]. Com efeito, servia a visão para corrigir a presente incredulidade, mas, nesse mesmo tempo, conscientizava os judeus de quanto além da mera restauração do povo se estenderia o poder de Deus, o qual, meramente de seu arbítrio, tão facilmente infundiria vida aos ossos secos e espalhados.
Pelo que, compararás apropriadamente esse vaticínio com outro, o de Isaías [26.19-21]: “Os mortos viverão e (até meu cadáver) ressurgirão. Despertai-vos e exultai, vós que habitais no pó, pois o orvalho do campo verdejante é teu orvalho e à ruína arrastarás a terra dos gigantes. Vem, ó povo meu, entra em tuas tendas, fecha tuas portas sobre ti, esconde-te por um pouquinho, até que passe a indignação, pois eis que o Senhor sairá de seu lugar para visitar a iniqüidade do habitante da terra contra ele, e a terra porá à mostra seu sangue, nem cobrirá por mais tempo seus mortos.”


João Calvino