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segunda-feira, 13 de agosto de 2018

CRISTO, O MEDIADOR CELESTIAL, ASSUME, NA ENCARNAÇÃO, A NATUREZA HUMANA COM O FIM DE NOS REDIMIR


Isto se fará ainda mais claro, se ponderarmos como não foi vulgar o que o Mediador tinha de executar, isto é, que a tal ponto fôssemos restaurados à graça de Deus, que de filhos de homensnos fizesse filhos seus; de herdeiros da Gehena, a herdeiros do reino celestial. Quem poderia fazer isso, se o mesmo Filho de Deus não se fizesse filho do homem, e de tal forma tomasse o que é nosso, e nos transferisse o que é seu, e o que era inerentemente seu, pela graça se fizesse nosso? Portanto, apoiados neste penhor, confiamos ser filhos de Deus, porque o que por natureza era Filho de Deus, apropriou para si o corpo de nosso corpo, a carne de nossa carne, os ossos de nossos ossos, para que fosse precisamente o que somos, e não relutou em assumir o que nos era próprio, para que, por sua vez, a nós pertencesse o que ele tinha de propriamente seu, e assim ele, em comum conosco, fosse não só o Filho de Deus, mas também o Filho do Homem. Daqui essa santa irmandade que recomenda com seus próprios lábios, quando diz: “Subo para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus” [Jo 20.17]. Por esta razão, certa nos é a herança do reino celeste, porque o Filho Único de Deus, a quem ela pertencia por inteiro, nos adotou para si por irmãos, porque, “se somos irmãos, logo somos também co-participantes da herança” [Rm 8.17]. Ademais, também por esta causa foi sobremodo proveitoso que fosse verdadeiro Deus e verdadeiro homem Aquele que haveria de ser nosso Redentor. Impunhase-lhe aniquilar a morte. Quem poderia fazer isso, a não ser a própria Vida? Impunha-se-lhe vencer o pecado. Quem poderia fazer isso, a não ser a própria Justiça? Impunha-se-lhedesbaratar as potestades do mundo e do ar. Quem poderia fazer isso, a não ser um Poder superior tanto ao mundo quanto ao ar? Ora, em quem está a vida, ou a justiça, ou o senhorio e poder do céu, senão unicamente em Deus? Portanto, o Deus clementíssimo, quando nos quis redimir, se fez nosso Redentor na pessoa do Unigênito.

João Calvino