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segunda-feira, 13 de agosto de 2018

CRISTO, O MEDIADOR CELESTIAL, NA ENCARNAÇÃO ASSUME A NATUREZA HUMANA PARA PRESTAR, EM NOSSO LUGAR, A OBEDIÊNCIA E EXPIAÇÃO QUE DEVÍAMOS PRESTAR


O outro requisito de nossa reconciliação com Deus era este: que o homem, que se havia perdido por sua desobediência, à guisa de remédio contrapusesse a obediência, satisfizesse ao juízo de Deus, pagasse integralmente as penalidades do pecado. Portanto, nosso Senhor adiantou-se como verdadeiro homem, revestiu-se da pessoa de Adão, assumiu-lhe o nome, para que, em obedecendo-lhe, fizesse as vezes do Pai, para que apresentasse nossa carne como o preço de satisfação ao justo juízo de Deus, e na mesma carne pagasse completamente a pena que havíamos merecido. Uma vez que, afinal, nem podia, como somente Deus, sentir a morte, nem como somente homem podia superá-la, associou a natureza humana com a divina, para que sujeitasse à morte a fraqueza de uma, no afã de expiar pecados; e, sustentando luta com a morte pelo poder da outra, nos adquirisse a vitória. Logo, aqueles que despojam a Cristo ou de sua divindade, ou de sua humanidade, na realidade lhe diminuem tanto a majestade quanto a glória, obscurecem igualmente sua bondade. Mas, por outro lado, não menos detrimento causamaos homens, cuja fé assim abalam e subvertem, a qual não pode permanecer firme a não ser neste fundamento. Acrescenta que o Redentor que se devia esperar foi aquele filho de Abraão e de Davi que Deus prometera na lei e nos profetas, donde as mentes pias colhem um outro fruto: que no próprio curso de descendência levada até Davi e Abraão reconheçam com certeza maior ser este o Cristo que foi celebrado em tantos oráculos. Mas, deve-se sustentar principalmente aquilo que expus há pouco: que a natureza comum que temos com ele é o penhor de nossa união com o Filho de Deus, e que, vestido de nossa carne, destruiu ele a morte com o pecado, para que a vitória e o triunfo fossem nossos; ofereceu ele em sacrifício a carne que recebeu de nós, para que, feita a expiação, apagasse nossa culpa e aplacasse justa ira do Pai.

João Calvino