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domingo, 12 de agosto de 2018

NEM MESMO OS GRANDES LUMINARES DA ANTIGA DISPENSAÇÃO TRANSCENDERAM ESSE ESTÁGIO DE INFÂNCIA


Nem prova nada contra esta distinção o fato de que quase ninguém se possa achar na Igreja Cristã que se compare com Abraão na excelência da fé, e que os profetas se tenham excedido neste poder do Espírito pelo qual ainda hoje iluminam o orbe inteiro. Ora, não está aqui a indagar-se quanto da graça o Senhor tenha conferido a uns poucos, mas, pelo contrário, que dispensação ordinária tenha ele seguido em ensinar o povo, a qual aparece entre esses próprios profetas que foram dotados de conhecimento especial acima dos demais. Pois, a pregação destes é não somente obscura, como que acerca de coisas longínquas, mas ainda encerrada em tipos. Além disso, por mais elevado fosse neles o conhecimento, entretanto, uma vez que tenham tido necessariamente de submeter-se à “pedagogia” comum do povo, também eles próprios se contam no número das crianças. Finalmente, jamais a qualquer deles então atingiu perspiciência tão grande, que de algum modo não percebesse a obscuridade que reinava.219 Donde essa afirmação de Cristo: “Muitos reis e profetas desejaram ver as coisas que vós estais vendo, e não viram; e ouvir as coisas que vós estais ouvindo, e não as ouviram” [Lc 10.24]; “portanto, bem-aventurados vossos olhos, porque vêem, e vossos ouvidos, porque ouvem” [Mt 13.16]. E certamente foi justo que a presença de Cristo sobressaísse nesta prerrogativa, a saber, que dela emergiu uma revelação mais luminosa dos mistérios celestiais. A isto se aplica também o que, anteriormente, citamos da Primeira Epístola de Pedro [1.12]: “Aos quais foi revelado que, não para si mesmos, mas para nós, eles ministravam estas coisas que agora vos foram anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho.”


João Calvino