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quarta-feira, 1 de agosto de 2018

O QUINTO MANDAMENTO

“HONRA A TEU PAI E A TUA MÃE, PARA QUE TENHAS LONGA VIDA SOBRE A TERRA QUE O SENHOR, TEU DEUS, TE DÁ” [EX 20.12] . 

TEOR E APLICAÇÃO DO QUINTO MANDAMENTO

A finalidade deste mandamento é: uma vez que ao Senhor Deus apraz a manutenção do que dispôs, importa que nos sejam invioláveis os graus de eminência por ele ordenados. A síntese, portanto, será: que usemos de deferência para com aqueles que o Senhor nos fez superiores e os tenhamos em honra, em obediência e em grato reconhecimento. Donde se segue a proibição: que não denigremos nada de sua dignidade, quer por desdém, quer por contumácia, ou por ingratidão. Ora, o termo honra assim se patenteia amplamente na Escritura. Por exemplo, quando o Apóstolo diz [1Tm 5.17] que os presbíteros que presidem bem sejam dignos de dobrada honra, entende que se lhes deve não somente reverência, mas ainda a remuneração que seu ministério merece. Mas, visto que este mandamento referente a nossa sujeição aos superiores se põe fortemente em conflito com a depravação do espírito humano, que por isso é ele intumescido do anseio de exaltação, a contragosto se deixa sujeitar, foi proposta por exemplo essa forma de superioridade a qual, por natureza, é mais para estimar-se e menos para invejar-se, porque assim podia mais facilmente abrandar e dobrar nosso ânimoao hábito de submissão. Logo, o Senhor gradualmente nos acostuma a toda legítima sujeição mediante essa forma que é a mais fácil de tolerar-se, uma vez que, de todas, a razão é a mesma. Com efeito, compartilha seu nome com aqueles a quem atribui eminência, até onde se faz necessário para que ela seja preservada. A ele tão-somente convém, segundo a Escritura, os títulos Pai, Deus e Senhor, de modo que, sempre que ouvirmos qualquer um deles, nosso entendimento seja tocado com o senso de sua majestade. Portanto, aqueles a quem faz participantres desses títulos ilumina-os como que com uma centelha de seu fulgor, de sorte que sejam, cada um, dignos de honra em conformidade com sua posição de eminência. Desse modo, aquele que nos é pai, é próprio reconhecer nele algo divinal, porquanto não sem causa é portador do título divino. De igual modo, aquele que é um príncipe, ou aquele que é um senhor, tem com Deus alguma comunhão de honra.

João Calvino