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quinta-feira, 25 de outubro de 2018

A IGREJA PERSISTE EM ISRAEL, MESMO NOS PERÍODOS DE MAIOR IDOLATRIA E DECADÊNCIA ESPIRITUAL, CONTUDO CORRUPTA E DEGRADADA, COMO O EVIDENCIA A ERA DOS REIS

E então, perguntaria alguém, porventura nem mesmo uma porçãozinha da Igreja restou entre os judeus, uma vez que se entregaram à idolatria? A resposta é fácil. Primeiro digo que na própria defecção à idolatria houve certa gradação, pois tampouco diremos que a mesma queda se deu em Judá e em Israel no tempo em que, primeiro, um e outro se desviou do culto puro de Deus. Quando Jeroboão, contra a expressa proibição de Deus, fabrica os bezerros e lhes dedica local lícito à adoração, a religião corrompeu inteiramente [1Rs 12.28-30]. Os judeus se contaminaram com costumes ímpios e opiniões supersticiosas antes que falsamente mudassem a condição na forma exterior da religião. Porque, ainda que sob Roboão muitas cerimônias pervertidas já haviam comumente adotado para si, visto que, no entanto, permaneciam em Jerusalém tanto o ensino da lei e o sacerdócio, bem como também os ritos como Deus os instituíra, os piedosos tinham aí tolerável condição de Igreja. Entre os israelitas, até o reinado de Acabe, as coisas longe estiveram de mudadas para melhor; na verdade, então até se degeneraram para pior. Os reis que o sucederam depois até a destruição do reino, em parte se lhe assemelharam, em parte, quando quiseram ser um pouco melhores que ele, seguiram o exemplo de Jeroboão; todos, porém, à uma, foram ímpios e idólatras. Na Judéia houve, de tempos em tempos, várias mudanças; enquanto reis pervertiam o culto de Deus com superstições por eles engendradas, outros restauravam a religião deturpada, até que também os próprios sacerdotes poluíram o templo de Deus com ritos profanos e abomináveis.

João Calvino