Daqui nos desponta, e nitidamente nos emerge aos olhos, a face da Igreja. Pois
onde quer que vemos a Palavra de Deus ser sinceramente pregada e ouvida, onde
vemos os sacramentos serem administrados segundo a instituição de Cristo, aí de
modo algum há de contestar-se que está presente uma igreja de Deus, visto que sua
promessa não pode enganar: ”Onde estiver dois ou três congregados em meu nome,
aí estou no meio deles” [Mt 18.20]. Mas, para que apanhemos claramente a suma
desta matéria, é preciso que avancemos com estes passos: a Igreja Universal é a
multidão congregada de todas as nações, a qual, espalhada e dispersa pelos lugares
mais remotos, entretanto consente na única verdade da doutrina divinal e é congregada
pelo vínculo da mesma religião; sob esta Igreja Universal estão assim compreendidas as igrejas individuais, as quais, em razão da necessidade humana, estão
dispostas por cidades e vilas, de sorte que, de direito, cada uma obtenha o nome e a
autoridade da Igreja; os indivíduos que, pela profissão de piedade, são desse modo
contados entre as igrejas, embora de fato sejam estranhos à Igreja, contudo a ela, de
certo modo, pertencem, até que, pelo consenso público, tenham sido eliminados.
Todavia, um pouco diverso é o procedimento no julgar os indivíduos em particular
e as igrejas. Ora, é possível que aconteça que, em virtude do consenso comum
da Igreja, mercê do qual são introduzidos e tolerados no corpo de Cristo, no entanto
devamos tratar como irmãos e tê-los na condição de fiéis quem absolutamente não
pensaremos serem dignos do consórcio dos pios. A tais não aprovamos com nosso
sufrágio como membros da Igreja, mas lhes deixamos o lugar que têm no povo de
Deus, até que seu direito legítimo lhes seja tirado. Mas da própria multidão se sentirá
de outra maneira: se ela tem o ministério da Palavra e se honra com a administração
dos sacramentos, indubitavelmente longe de merecer ser tida e considerada
como igreja, porque essas coisas certamente não são sem fruto. Assim também preservamos
à Igreja Univeral sua unidade, a qual espíritos diabólicos têm sempre
diligenciado por destruir; tampouco defraudamos as assembléias legítimas de sua
autoridade, as quais foram distribuídas conforme a oportunidade dos lugares.
João Calvino
Escola Bíblica Conhecedores da verdade - O objetivo deste blog e levar você a conhecer a verdade que liberta de todo o Engano. Nesses últimos tempos, muito se tem ouvido falar do evangelho de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, porém de maneira distorcida e muitas vezes pervertida, com heresias disfarçada etc. “ ...e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” João 8.32