Daqui pode-se também ajuizar qual foi o uso dos bens eclesiásticos e em que
moldes era sua administração. A cada passo se pode encontrar, tanto nos decretos
dos sínodos, quanto nos escritores antigos, que tudo quanto a Igreja possui, seja em
propriedade, seja em dinheiro, é patrimônio dos pobres. E assim freqüentemente ali
é entoada esta cantilena aos bispos e diáconos: que se lembrem que estão a manejar
não valores próprios, mas os destinados à necessidade dos pobres; valores que, se
de má fé são suprimidos ou dilapidados, se constituem réus de sangue. Daí serem
admoestados a que, com sumo tremor e reverência, como à vista de Deus, os distribuam,
sem acepção de pessoas, àqueles a quem se devem. Daqui também aquelas
sérias reiterações em Crisóstomo, Ambrósio, Agostinho e outros bispos como eles
com as quais diante do povo asseveram sua integridade.
Como, porém, seja justo, e também sancionado pela lei do Senhor, que aqueles
que dedicam sua atividade à Igreja sejam sustentados às expensas públicas da Igreja
[1Co 9.14; Gl 6.6], e nesse tempo alguns presbíteros, consagrando a Deus seus
patrimônios, se fizeram pobres voluntários, tal era a distribuição que nem aos ministros
faltasse o sustento nem negligenciados fossem os pobres. Entrementes, tomava-se
cautela, no entanto, para que os próprios ministros, que devem dar aos
outros exemplo de frugalidade, não tivessem em demasia de onde usassem mal para
luxo ou prazeres; antes, tivessem apenas com que fizessem frente à sua necessidade.
“Ora, os clérigos que podem ser sustentados pelos bens dos pais”, diz Jerônimo, “se
recebem o que é dos pobres, cometem sacrilégio e, por abuso desta natureza, comem
e bebem juízo para si” [1Co 11.29].
João Calvino
Escola Bíblica Conhecedores da verdade - O objetivo deste blog e levar você a conhecer a verdade que liberta de todo o Engano. Nesses últimos tempos, muito se tem ouvido falar do evangelho de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, porém de maneira distorcida e muitas vezes pervertida, com heresias disfarçada etc. “ ...e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” João 8.32