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quinta-feira, 25 de outubro de 2018

TAMBÉM OS PROFESTAS ESTÃO SATURADOS DE PROMESSAS DE PERDÃO DIVINO AO POVO PECADOR

Não quero, porém, encetar uma enumeração que nunca houvesse de terminarse, pois os profetas estão saturados de promessas deste gênero, as quais, no entanto, oferecem misericórdia ao povo coberto de crimes infindos. Que iniqüidade há mais grave que a rebelião? Pois é chamada de divórcio entre Deus e a Igreja. Mas isto é superado pela bondade de Deus. “Quem é o homem”, diz o Senhor por intermédio de Jeremias, “de quem, se a esposa prostituir seu corpo com os adúlteros, com ela tolere fazer as pazes? Mas, de tuas fornicações todos os teus caminhos foram contaminados, ó Judá, encheste a terra de teus sórdidos amores. Mas ainda assim, torna para mim, e eu te receberei. Volta, ó Israel rebelde. Não farei cair minha ira sobre ti, porque sou misericordioso, e não conservarei para sempre minha ira” [Jr 3.1, 12]. E obviamente outro não pode ser o sentimento daquele que afirma não querer a morte do pecador; antes, que se converta e viva [Ez 18.23, 32; 33.11]. Por isso, quando Salomão dedicava o templo, também o destinava a este uso: para que daí fossem ouvidas as orações feitas no afã de obter o perdão dos pecados. “Se contra ti”, dizia ele, “teus filhos pecarem, pois não há homem que não peque, e irado os entregares a seus inimigos, e em seu coração se arrependerem, e arrependidos te suplicarem em seu cativeiro, dizendo: Pecamos, agimos iniquamente, e orarem na direção da terra que deste a seus pais e na direção deste templo santo, que ouças no céu suas preces, e sejas propício a teu povo que pecou contra ti, e a todas as suas iniqüidades com as quais prevaricaram contra ti” [1Rs 8.46-50]. Tampouco foi sem causa que o Senhor ordenou na lei sacrifícios diários pelos pecados, pois a não ser que o Senhor soubesse que seu povo laboraria em práticas constantes de pecados, nunca o teria provido destes remédios.

João Calvino