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quinta-feira, 25 de outubro de 2018

MESMO OS CHAMADOS PECADOS VOLUNTÁRIOS, NÃO DEVIDOS A FRAQUEZA OU IGNORÂNCIA, SÃO SUSCETÍVEIS DE PERDÃO DIVINO

Alguns, um tanto mais prudentes, quando vêem os dogmas de Novácio sendo refutados pela tão grande clareza da Escritura, não fazem irremissível qualquer pecado, senão a transgressão voluntária da lei, na qual alguém se arremete cônscia e deliberadamente. Com efeito, os que assim falam crêem que não se perdoa nenhum outro pecado, senão o que é cometido por ignorância.15 Quando, porém, o Senhor ordenou na lei que se oferecessem sacrifícios, uns para expiar os pecados voluntários dos fiéis [Lv 6.1-7], outros para remitir os pecados cometidos por ignorância [Lv 4.1-35], de quão grande improbidade é não conceder nenhuma expiação ao pecado voluntário! Digo que nada é mais evidente que o sacrifício único de Cristo valer para remitir os pecados voluntários dos santos, já que o Senhor assim o testificou nos sacrifícios carnais, que eram meras figuras. Ademais, quem escuse de ignorância a Davi, que tão profundamente se evidencia ter sido versado na lei? Porventura Davi ignorava que o crime de adultério e homicídio fosse tão grande, quando diariamente o punia nos outros? Porventura o fratricídio parecia coisa legítima aos patriarcas? Porventura os coríntios haviam progredido tanto, que pensassem que a lascívia, a impureza, a fornicação, o ódio, as contendas agradassem a Deus? Porventura Pedro, tão diligentemente advertido, ignorava a tremenda gravidade de negar o Mestre? Portanto, não obstruamos, com nossa maldade, o caminho da misericórdia de Deus que se manifesta tão benignamente.

João Calvino