Já estabelecemos a pregação da Palavra e a observância dos sacramentos como
sinais para distinguir-se a Igreja, porque estas não podem existir em parte alguma
sem que frutifiquem e prosperem pela bênção de Deus. Não estou dizendo que onde
quer que a Palavra é pregada aí apareça fruto de imediato; mas, em nenhum lugar é
ela recebida e tem seu assento firmado que não ponha à mostra sua eficácia. Seja
como for, onde se ouve reverentemente a pregação do evangelho, nem os sacramentos
são negligenciados, aí, por todo esse tempo, a face da Igreja aparece não enganosa,
nem ambiguamente, da qual a ninguém se permite impunemente a autoridade
menosprezar, ou as advertências rejeitar, ou os conselhos resistir, ou das censuras
zombar; muito menos a abandonar e cindir sua unidade. Pois o Senhor tem em tão
elevada conta a comunhão de sua Igreja, que considera covarde e desertor da religião
todo aquele que contumazmente se aliena de qualquer comunidade cristã que,
ao menos, cultive o verdadeiro ministério da Palavra e dos Sacramentos. Ele estima
a tal ponto sua autoridade que, quando é violada, considera como que diminuída sua
própria autoridade. Ora, nem é de pouca importância que a Igreja seja chamada “a
coluna e fundamento da verdade” e “a casa de Deus” [1Tm 3.15], palavras estas por
meio das quais Paulo dá a saber que, para que não pereça a verdade de Deus no mundo, a Igreja é sua fiel depositária; porquanto, por seu ministério e obra, Deus
quis fosse conservada pura a pregação de sua Palavra; e, enquanto nos nutre com
alimentos espirituais e procura fomentar tudo quanto nos enriqueça a salvação, ele
se nos exibe como um pai de família.
Igualmente, não é louvor vulgar dizer que a Igreja é eleita e separada por Cristo
para ser sua esposa, que “fosse sem ruga e sem mácula” [Ef 5.27], “seu corpo e sua
plenitude” [Ef 1.23]. Do quê se segue que o abandono da Igreja é negação de Deus
e de Cristo, razão por que mais se deve guardar de tão celerado dissídio, porque,
enquanto nos esforçamos, quanto está em nós, por fomentar a ruína da verdade de
Deus, somos dignos de que ele dardeje seus raios com todo o ímpeto de sua ira, a
fim de fazer-nos em pedaços. Não se pode imaginar mais atroz qualquer crime do
que o de violar com sacrílega perfídia o matrimônio que o Unigênito Filho de Deus
se dignou contrair conosco.
João Calvino
Escola Bíblica Conhecedores da verdade - O objetivo deste blog e levar você a conhecer a verdade que liberta de todo o Engano. Nesses últimos tempos, muito se tem ouvido falar do evangelho de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, porém de maneira distorcida e muitas vezes pervertida, com heresias disfarçada etc. “ ...e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” João 8.32