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quarta-feira, 24 de outubro de 2018

A IGREJA VISÍVEL, MÃE DOS FIÉIS

Contudo, uma vez que agora nosso propósito é discorrer acerca da Igreja visível, aprendamos, mesmo do mero título mãe, quão útil, ainda mais, quão necessário nos é seu conhecimento, quando não outro nos é o ingresso à vida, a não ser que ela nos conceba no ventre, a não ser que nos dê à luz, a não ser que nos nutra em seus seios, enfim, sob sua guarda e governo nos retenha, até que, despojados da carne mortal, haveremos de ser semelhantes aos anjos [Mt 22.30]. Porque nossa habilidade não permite que sejamos despedidos da escola até que tenhamos passado toda nossa vida como discípulos.5 Anotemos também que fora de seu grêmio não há de esperar-se nenhuma remissão de pecados, nem qualquer salvação, como o atestam Isaías [37.32] e Joel [2.32], aos quais subscreve Ezequiel, quando denuncia que no rol do povo de Deus não estarão aqueles a quem exclui da vida celestial [Ez 13.9]; assim como, por outro lado, se diz que o nome dos que se dedicam ao cultivo da verdadeira piedade é inscrito entre os cidadãos de Jerusalém [Sl 87.6; Is 56.5]. Razão por que também em um outro Salmo se diz: “Lembra-te de mim, Senhor, segundo tua boa vontade para com teu povo; visita-me com tua salvação. Para que eu veja a beneficiência de teus eleitos e me alegre na alegria de teu povo e me regozije com tua herança [Sl 106.4, 5], palavras nas quais o amor paterno de Deus se restringe unicamente a seu rebanho e ao testemunho peculiar da vida espiritual, de sorte que é sempre funesto o afastamento da Igreja.

João Calvino