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segunda-feira, 1 de outubro de 2018

A ELEIÇÃO GRACIOSA, ABSOLUTA, À PARTE DE QUALQUER MÉRITO HUMANO, À LUZ DE EFÉSIOS 1.4, 5

Para que a prova nos seja mais completa, vale a pena destacar, uma a uma, as partes desta passagem [Ef 1.4, 5] que, correlacionadas em um todo, não deixam qualquer dúvida. Chamando-os eleitos, não resta nenhuma dúvida de que ele está se dirigindo a fiéis, assim como declara também logo a seguir, pelo que corrompem esse termo por meio de ficção extremamente detestável os que o confinam à época em que o evangelho foi anunciado. Ao dizer que os fiéis foram eleitos antes da criação do mundo [Ef 1.4], Paulo remove toda e qualquer consideração de dignidade pessoal. Ora, que razão havia para distinção entre aqueles que ainda não existiam e que, depois, em Adão haveriam de ser iguais? Ora, se são eleitos em Cristo, segue se que não só cada um foi eleito fora de si mesmo, mas também que uns foram separados de outros, pois vemos que nem todos são membros de Cristo. Ao que se acrescenta que foram eleitos para que fossem santos[Ef 1.4], refutando abertamente o erro que deduz a eleição da presciência, uma vez que Paulo protesta que tudo quanto de virtude aparece nos homens é efeito da eleição. Ora, caso se busque causa superior, Paulo responde que Deus havia assim predestinado, e de fato “segundo o beneplácito de sua vontade” [Ef 1.5], palavras com as quais lança por terra a todos os meios que os homens inventaram para sua eleição, pois Paulo não só ensina que todos e quaisquer benefícios que Deus confere para a vida espiritual emanam desta única fonte, da qual Deus elegeu àqueles aos quais quis, mas também, antes que nascessem, lhes teve reservada, individualmente, a graça de que lhes queria comunicar.

João Calvino