Ora, como Deus, por meio de sua Palavra, ordena aos fiéis orações em comum,
assim também importa que haja templos públicos destinados a seus exercícios, onde
os recusam acatar a ordem, associar-se em oração com o povo de Deus, não há
razão por que abusem do pretexto de que se acolhem ao quarto a orar, para que
assim obedeçam ao mandamento do Senhor. Pois Aquele que promete que ele haverá
de fazer tudo quanto pedirem dois ou três, congregados em seu nome [Mt 18.19,
20], comprova que de modo algum deixa de fazer caso de orações formuladas em
público, desde que a ostentação e a busca aferrada de mesquinha glória humana
sejam alijadas,e desde que se faça presente a sincera e verdadeira afeição que habita
no íntimo do coração.
Se este é o uso legitimo dos templos, como certamente é, então por outro lado
deve acautelar-se que não pensemos, como passou a acontecer durante alguns séculos,
ou que eles são a própria habitação de Deus, de onde nos incline bem mais os
ouvidos, ou imaginemos que, por alguma secreta santidade, torne mais sagrada a
oração diante de Deus. Ora, uma vez que nós mesmos somos os verdadeiros templos
de Deus, se queremos invocar a Deus em seu santo templo, então se faz necessário
que oremos dentro de nós mesmos. Não obstante, que deixemos para os judeus
ou gentios essa opinião carnal, nós que temos o preceito de invocar o Senhor “em
espírito e verdade” [Jo 4.23], sem distinção de lugar. De fato, por mandado de Deus
outrora fora dedicado o templo para nele se oferecessem orações e sacrifícios; mas,
nesse tempo a verdade jazia velada, representada sob tais sombras, a qual nos é
agora expressa ao vivo, o que não admite que nos apeguemos a algum templo material.
E, com efeito, tampouco o templo foi confiado aos judeus com a condição de
que, dentro de suas paredes, se encerrasse a presença de Deus; ao contrário, para
que fossem exercitados a contemplar a figura do templo genuíno. Portanto, os que,
de algum modo, pensavam que Deus habita em templos feitos por mãos humanas
foram seriamente repreendidos por Isaías e Estêvão [Is 66.1; At 7.48, 49].
João Calvino
Escola Bíblica Conhecedores da verdade - O objetivo deste blog e levar você a conhecer a verdade que liberta de todo o Engano. Nesses últimos tempos, muito se tem ouvido falar do evangelho de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, porém de maneira distorcida e muitas vezes pervertida, com heresias disfarçada etc. “ ...e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” João 8.32