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sexta-feira, 21 de setembro de 2018

ISENTADOS DO JUGO DA LEI, VIVENDO SOB A AÇÃO DA GRAÇA, OS REQUÍCIOS DO PECADO, QUE AINDA PERSISTEM, NÃO SÃO IMPUTADOS AOS FIÉIS

E essa é a causa por que o autor da Epístola aos Hebreus aplica à fé tudo quanto de boas obras se lê haver existido nos santos patriarcas, e as estima tão-somente em função da fé [Hb 11.1-40]. Acerca desta liberdade, luminosa é a passagem na Epistola aos Romanos onde Paulo arrazoa que o pecado não deve dominar sobre nós, porque não estamos debaixo da lei, mas sob a graça [Rm 6.12-14]. Pois, como houvesse exortado os fiéis a que “não reine o pecado em vosso corpo mortal” [Rm 6.12], “não apresenteis vossos membros como instrumentos da iniqüidade; mas apresentai-vos a Deus, como vivos dentre os mortos, e vossos membros como instrumentos da justiça” [Rm 6.13], e de fato viessem a objetar, em contrário, dizendo que ainda levavam consigo a carne saturada de concupiscências e que o pecado ainda habitava neles, Paulo acrescenta esta consolação provinda da isenção da lei, como se dissesse: “Embora ainda não sintam claramente que o pecado já esteja extinto, e que a justiça ainda não habita neles, entretanto, não há razão para que nutram temor e sejam quebrantados no ânimo, como se ofendessem sempre a Deus por causa dos resquíciosde pecado, quando por meio da graça já foram alforriados da lei, de tal modo que suas obras já não são examinadas pela regra desta. Mas aqueles que inferem que se deve pecar, visto que já não estamos debaixo da lei, entendem que esta liberdade não lhes diz respeito, liberdade cujo fim é animar-nos para o bem.

João Calvino