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quarta-feira, 19 de setembro de 2018

EM CRISTO, E SOMENTE NELE, ESTÁ POSTA NOSSA SALVAÇÃO, QUE NELE TEM COMO ÚNICO INCIADOR, SUSTENTADOR E CONSUMADOR

Se em séculos anteriores estas questões houvessem sido tratadas e resolvidas na forma adequada, jamais teria surgido tanto de perturbações e dissensões. Paulo diz que na edificação da doutrina cristã deve ser retido o fundamento que ele próprio havia posto entre os coríntios, além do qual nenhum outro se pode pôr, isto é, Jesus Cristo [1Co 3.10, 11]. Que espécie de fundamento temos nós em Cristo? Porventura um fundamento que nos foi apenas o início da salvação, para que de nós se seguisse a complementação? Ele simplesmente abriu o caminho pelo qual houvéssemos pessoalmente de avançar por nossos próprios recursos? De modo algum, realmente. Como, porém, estabeleceuPaulo pouco antes, ele nos foi dado para justiça, quando assim o reconhecemos [1Co 1.30]. Portanto, ninguém está bem alicerçado em Cristo, senão aquele que em si próprio tem a justiça integral, uma vez que o Apóstolo não diz que Cristo foi enviado para nos ajudar a efetuar a justiça; mas, ao contrário, que ele próprio é nossa justiça [1Co 1.30]; aliás, que “nele fomos eleitos desde a eternidade, antes da formação do mundo”, não por algum mérito nosso, “mas segundo o propósito do beneplácito divino” [Ef 1.4, 5]; que, mediante sua morte, fomos redimidos da condenação da morte e isentados da perdição [Cl 1.14]; que nele fomos pelo Pai celeste adotados por filhos e herdeiros [Rm 8.17; Gl 4.5-7]; que fomos reconciliados com ele através de seu sangue [Rm 5.9, 10]; que fomos entregues à sua guarda, eximidos do perigo de perecer e nos perder [Jo 10.28]; que assim fomos enxertados nele [Rm 11.19], já que, de certo modo, somos participantes da vida eterna, ingressados no reino de Deus mediante a esperança. Tampouco isto é o fim, porque, havendo experimentado essa sua participação, por mais que em nós sejamos ainda estultos, ele é nossa sabedoria diante de Deus; embora sejamos pecadores, ele é nossa justiça; embora sejamos imundos, ele é nossa pureza; embora sejamos fracos, inermes e expostos a Satanás, contudo, é nosso o poder que lhe foi dado no céu e na terra, pelo qual Satanás é por nós esmagado e despedaçados são os portais do inferno [Mt 28.18; Rm 16.20], enquanto levarmos ainda conosco em derredor o corpo da morte; ele, contudo, é nossa vida [2Co 4.10]. Em poucas palavras, visto que tudo o que é dele é nosso, e nele temos tudo, em nós nada temos. Afirmo que sobre este fundamento nos importa ser edificados, se queremos crescer como templos santos para o Senhor [Ef 2.21].

João Calvino