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quarta-feira, 19 de setembro de 2018

SOMENTE NA FÉ EM CRISTO E NA COMUNHÃO COM ELE SE PROVÊ AO CRENTE SÓLIDO FUNDAMENTO DE ENSINO, EXORTAÇÃO E CONSOLAÇÃO

Não permitamos, pois, de modo algum que sejamos afastados deste único fundamento sequer a largura de uma unha, lançado o qual a seguir os sábios arquitetos sobre ele edificam corretamente e em ordem. Ora, requerendo que se ministrem ensino e exortação, lembram que “para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do Diabo”, a fim de que não pequem os que são de Deus [1Jo 3.8,9]; que o tempo passado foi suficiente para satisfazer aos desejos dos gentios [1Pe 4.3]; que os eleitos de Deus são vasos de misericórdia escolhidos para honra, e que devam ser purificados de toda imundície [2Tm 2.20, 21]. Tudo, porém, fica encerrado naquelas palavras em que se diz que Cristo quer discípulos que, negandose a si mesmos e tomando sua cruz, o sigam [Mt 26.24; Mc 8.34; Lc 9.23]. Aquele que se renuncia corta fora a raiz de todos os males, de sorte que não mais busca as coisas que são suas. Aquele que toma sua cruz com toda paciência e mansidão está preparado. E o exemplo de Cristo abarca não só estes, mas também todos os demais deveres da piedade e da santidade. Ele se pôs diante do Pai obediente até à morte [Fp 2.8]; ele se envolveu totalmente em realizar as obras de Deus [Lc 2.49; Jo 4.34]; ele aspirou de todo o coração a glória do Pai [Jo 7.18]; ele deu sua vida por seus irmãos [Jo 10.15]; ele não só fez o bem a seus inimigos, mas inclusive orou por eles [Lc 23.34]. Ora, caso haja necessidade de consolação, passagens como estas trarão consolação maravilhosa: “somos afligidos, contudo não nos tornamos ansiosos; ficamos perplexos, contudo não nos tornamos desesperados; somos humilhados, contudo não somos confundidos; somos prostrados, contudo não sucumbimos, levando sempre por todo lado, em nosso corpo, a mortificação de Jesus Cristo, para que a vida de Jesus se manifeste em nós” [2Co 4.8-10]; “porque, se com ele já morremos, também com ele viveremos; se com ele sofremos, também com ele haveremos de reinar” [2Tm 2.11, 12]; “porque somos assim conformados a ele em seus sofrimentos até que cheguemos à semelhança de sua ressurreição” [Fp 3.10, 11]; “Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” [Rm 8.29]; e, assim, “nem a morte, nem as coisas presentes, nem as futuras nos poderão separar do amor de Deus que está em Cristo” [Rm 8.28, 39]; senão que “todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo seu propósito” [Rm 8.29]. Eis que não justificamos o homem diante de Deus em virtude de suas obras, mas a todos os que são de Deus afirmamos que são regenerados e se tornam nova criatura [2Co 5.17], de sorte que passam do reino do pecado para o reino da justiça; e dizemos que com este testemunho tornam segura sua vocação [2Pe 1.10], e, como árvores, são julgados por seus frutos [Mt 7.20; 12.33; Lc 6.44].

João Calvino