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segunda-feira, 3 de setembro de 2018

A CONFISSÃO PÚBLICA DOS PECADOS

Quem, no coraçãoe diante de Deus, tiver abraçado esta confissão, terá também, sem dúvida, língua preparada para a confissão, quantas vezes se fizer necessário proclamar a misericórdia de Deus entre os homens, não apenas para que sussurre o segredo do coração a uma só pessoa, e uma vez, e ao ouvido, mas com freqüência, abertamente, para que o orbe inteiro a ouça, e assim rememore francamente tanto sua própria ignomínia, quanto a magnificência e a dignidade de Deus.
Nesta disposição, como fosse Davi repreendido por Natã, pungido pelo aguilhão da consciência, confessa seu pecado não só diante de Deus, mas também diante dos homens: “Pequei”, diz ele, “contra o Senhor” [2Sm 12.13], isto é, “agora não há escusa, já não busco evasivas de que todos me hajam de julgar um pecador, e o que eu quis que ficasse oculto ao Senhor, até aos próprios homens se faça manifesto.” Portanto, a essa confissão secreta que se faz a Deus segue a confissão voluntária em relação aos homens, sempre que isso importa ou à glória divina ou à nossa humilhação. Por esta razão estabeleceu o Senhor outrora entre o povo de Israel que, recitando primeiramente as palavras ao sacerdote, o povo confessasse abertamente, no santuário,suas iniqüidades [Lc 16.21]. Pois, na verdade, ele antevia que essa ajuda lhes era necessária, para que cada um fosse melhor levado a uma justa estimativa pessoal. E é justo que, mediante a confissão de nossa miséria, façamos refulgir entre nós e diante de todo o mundo a bondade e a misericórdia de nosso Deus.

João Calvino