Traremos à consideração ainda algumas afirmações de Agostinho, das quais
melhor se evidencie o que de fato ele sentiu sobre esta matéria. No segundo livro do
tratado Contra Juliano: “Esta lei do pecado tanto foi remitida pela regeneração
espiritual, quanto permanece na carne mortal. Isto é, remitida, porquanto foi removida
a culpa no sacramento pelo qual os fiéis são regenerados; permanece, porém,
porque produz os desejos contra os quais os fiéis também lutam.” Igualmente: “E
assim a lei do pecado, que estava nos membros até de um grande Apóstolo, é remitida
no batismo, não encerrada.” Também: “Ambrósio chamou iniqüidade à lei do
pecado, do qual, a despeito de ele permanecer, no batismo foi removida a culpa,
visto ser iníquo que a carne cobice contra o Espírito.” Ainda: “O pecado morreu
no que respeita a esta culpa em que nos retinha, e até que seja curado pela perfeição
da sepultura, ainda que morto, está a rebelar-se.” No quinto livro, agora até mais explicitamente: “Assim como a cegueira de
coração é não somente pecado, pela qual não se crê em Deus, mas também pena do
pecado, pela qual o coração soberbo é punido de castigo condigno, e ainda causa do
pecado, quando algo se comete pelo erro do coração cego, assim também a concupiscência
da carne, contra a qual cobiça o espirito bom, é não somente pecado, visto
que lhe é inerente a desobediência para com o domínio da mente, mas também pena do pecado, visto que foi dada em pagamento aos merecimentos do desobediente,
mas ainda causa do pecado do que anui em defecção ou do que nasce em contágio.”33
Aqui Agostinho chama pecado a esta condição, sem ambigüidade, visto que,
prostrado já o erro e firmada a verdade, menos receia as calúnias.
De igual modo, também No Tratado Sobre João, Homília XLI, onde fala, sem
contenção, do sentimento de sua alma: “Se na carne serves à lei do pecado, faz o que
diz o próprio Apóstolo: ‘Não reine o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes
aos desejos’ [Rm 6.12]. Não diz: Não esteja, mas, não reine. Por quanto
tempo vives, o pecado necessariamente está em teus membros; ao menos tire-se seu
reino; não se faça o que ele ordena.”34 Aqueles que defendem que a concupiscência
não é pecado, costumam contestar essa afirmação de Tiago: “A concupiscência,
depois de haver concebido, dá à luz o pecado” [Tg 1.15]. Com efeito, isso se refuta
sem nenhuma dificuldade, porque, a não ser que compreendamos que ele está falando
só das obras más ou dos chamados pecados atuais, por certo que se reputará por
pecado a intenção má. Mas, como Tiago chama às más obras “filhas da concupiscência”
e lhes atribui o título de pecado, não se segue daí que a concupiscência não
é algo mau e condenável diante de Deus.
João Calvino
Escola Bíblica Conhecedores da verdade - O objetivo deste blog e levar você a conhecer a verdade que liberta de todo o Engano. Nesses últimos tempos, muito se tem ouvido falar do evangelho de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, porém de maneira distorcida e muitas vezes pervertida, com heresias disfarçada etc. “ ...e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” João 8.32